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Quinto dos Infernos!!!

A carga tributária do setor automotivo
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Dentre o  “inferno” que vive o atual cenário econômico, falaremos um pouco mais dos tributos nossos de cada dia. E abordaremos um pouco sobre o nosso herói Tupiniquim (Tiradentes) que morreu por isso.

Bem… relembrando as aulas de história do colégio, na época do Brasil colônia, a nossa matiz (Portugal) cobrava a “singela” taxa de 20% sobre todos os minérios (em especial ouro) extraídos das Minas Gerais.

Em resumo, eles (Portugal) cobravam 1/5 sobre toda a extração dos minérios. Como vir para o Brasil, naquela época, era um “inferno”, quando chegavam as caravelas e os portugueses para buscar “O QUINTO dos INFERNOS”,  gerava-se uma insatisfação grande por parte da população.  Afinal de contas,  ter um sócio que pega 20% do seu faturamento sem contrapartida é dose!

Passado um pouco mais de 200 anos, notamos que algumas coisas não mudaram. Para você vir ao Brasil e ter o espirito empreendedor (ou viver aqui), continua sendo um inferno! Da mesma forma que temos um grande pesar pelo Tiradentes: afinal de contas, ele deu a vida por causa de “apenas” 20% de impostos/tributos. Atualmente, já passamos dos 40% fácil, fácil…

E o que isso tem a ver com o nosso segmento? A coincidência do post foi que estávamos trabalhando nestes dias um projeto de vendas de veículos para PNE (Pessoas com Necessidades Especiais). Todos concordam que os preços dos veículos são absurdamente altos e, além disso, o mercado automotivo vive um verdadeiro caos… e é aí que entra nossa reflexão sobre esse nicho de mercado.

No atual cenário, todas as marcas (e concessionárias) estão tentando tirar “leite de pedra”.  E, nos últimos tempos, boa parte das marcas e concessionárias tentam atuar com o público  PNE.

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E porquê eles estão se esforçando para trabalhar com este público?  Por serem bonzinhos e quererem fazer um trabalho social? Não… o motivo,  todos já sabem!

O preço do carro novo é caro pra caramba!

Vamos às contas.

No preço do veículo novo, temos a incidência das alíquotas de IPI e ICMS. O IPI pode variar de 7% a 25%, e o ICMS é de 12%. No caso do PNE, eles podem requerer a isenção destes impostos. Na média, vamos tratar de um desconto médio de 23% (olha o nosso “quinto” aí).

Vamos imaginar o nosso o PNE e pegar a isenção dos impostos, de 23%. Na nossa conta de padoca, imagine um carro na casa de R$ 70 mil;  como temos uma renúncia fiscal de 23%, esse veículo passa a ser vendido pela bagatela de R$ 53,4 mil. Perceberam?? No carro de R$ 70 mil, o consumidor pagou algo próximo a R$ 16,6 mil em tributos “DIRETOS”!  Fora os indiretos…

E, além disso, o PNE tem outras vantagens: não paga IPVA (menos 4%, em geral) e, na cidade de São Paulo, é isento de rodizio. Se  for fazer um financiamento,  pode requerer a isenção do IOF do financiamento. Em resumo, o custo final de aquisição do carro para o consumidor PNE é de uns 27% (saímos do “um quinto” e fomos para “um quarto”) mais barato do que para o consumidor final em geral.

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Notaram? Do preço do carro vendido hoje, 27% vai para o governo. Não justifica a abusividade dos preços, mas explica um montão!

O lado triste disso tudo, como já dissemos, é que o Tiradentes foi morto “só” por causa de 20%… 

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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