Tesla: a sinalização de Musk que fez a ação saltar 12% apesar do balanço não empolgar

(Bloomberg) — As ações da Tesla Inc. mostraram recuperação depois que Elon Musk prometeu lançar veículos mais baratos ainda neste ano, aliviando as preocupações sobre resultados decepcionantes de lucros e perspectivas de crescimento piores.

A montadora disse na terça-feira que está acelerando a produção de novos modelos usando aspectos de uma plataforma de próxima geração que estava prevista para produção no segundo semestre do próximo ano. Os veículos serão construídos nas mesmas linhas de produção da linha atual da Tesla e estarão prontos no início de 2025, se não antes do final do ano, disse o CEO.

A mudança de planos fez com que as ações da Tesla disparassem nas negociações do after market na véspera, ofuscando a queda nas vendas de veículos, receitas e lucros piores do que o esperado, e a queima de mais de US$ 2,5 bilhões em caixa em um único trimestre. Musk assustou os investidores nas semanas que antecederam o relatório, sinalizando que os veículos autônomos tinham prioridade ante a colocação de um carro de US$ 25 mil no mercado.

“O que importa é que os investidores tenham alguma esperança de que o crescimento irá acelerar novamente no próximo ano”, disse Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management. “Para os crentes, ele lhes deu o suficiente para continuarem no caminho mais positivo.”

As ações da Tesla fecharam com ganhos de 12,06% nesta quarta-feira em Nova York, após registrarem ganhos antes do início das negociações regulares. A ação teve o pior desempenho no índice S&P 500 este ano, despencando 42% até o fechamento de terça-feira.

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Em teleconferência com analistas, Musk criticou as montadoras que reduziram os planos de produção de veículos elétricos e optaram por mais híbridos a gasolina. Embora ele não tenha mencionado o nome de nenhum fabricante, General Motors Co. e Ford Motor Co. estão entre os fabricantes que fizeram esse ajuste nos últimos meses.

“A taxa de adoção de veículos elétricos em todo o mundo está sob pressão e muitos outros fabricantes de automóveis estão recuando nos veículos elétricos e optando por híbridos plug-in”, disse ele. “Esta não é a estratégia certa.”

A própria estratégia da Tesla tem sido confusa ultimamente. A empresa passou mais de um ano reduzindo os preços em toda a linha, em um esforço para aumentar as vendas. Em vez disso, o crescimento nas entregas de veículos desacelerou no ano passado, depois deu lugar a uma queda surpreendente de 8,5% no primeiro trimestre, quando a empresa montou mais 46.561 carros do que vendeu.

Os investidores ficaram receosos este mês com relatos de que Musk abandonou um modelo de US$ 25 mil em detrimento de sua busca de alto risco por carros totalmente autônomos. O CEO hesitou quando questionado durante a teleconferência se um veículo nessa faixa de preço ainda está nos planos, dizendo apenas que haverá mais para compartilhar quando a Tesla mostrar um robotáxi dedicado em agosto.

A Bloomberg informou no início desta semana que um projeto de veículo de próxima geração se transformou em um esforço para extrair reduções de custos de componentes e métodos de produção e, em seguida, aplicar essas inovações a versões mais baratas do Modelo Y e do Modelo 3, os dois veículos elétricos mais populares da empresa.

Musk disse na terça-feira que os novos veículos que a Tesla está desenvolvendo “usarão aspectos da plataforma da próxima geração, bem como aspectos de nossas plataformas atuais, e poderão ser produzidos nas mesmas linhas de fabricação de nossa linha de veículos atual”.

O novo plano não depende de nenhuma nova fábrica ou linha de produção e deve eventualmente permitir que a Tesla chegue a mais de 3 milhões de veículos de capacidade de produção, disse Musk. A empresa afirmou em sua apresentação de resultados que sua capacidade instalada atual é superior a 2,35 milhões.

A Tesla continuará trabalhando em um novo processo de fabricação “desempacotado” baseado em módulo para o táxi-robô que Musk sinalizou no início deste mês. O CEO referiu-se a ele na teleconferência como Cybercab.

Embora a Tesla continue a ser o fabricante dominante de veículos elétricos no mercado dos EUA, o seu desempenho financeiro despencou durante vários trimestres. O lucro ajustado por ação caiu para US$ 0,45 nos primeiros três meses do ano, abaixo da expectativa de Wall Street de US$ 0,52 por ação. A receita caiu quase 9%, para US$ 21,3 bilhões, aproximadamente em linha com sua primeira queda ano a ano nas entregas desde 2020. Isso também ficou aquém dos US$ 22,3 bilhões esperados pelos analistas.

O estoque de veículos da Tesla aumentou para 28 dias, quase o dobro dos 15 dias do final do último trimestre. “Esperamos que o aumento dos estoques seja revertido no segundo trimestre e que o fluxo de caixa livre retorne ao território positivo”, disse o diretor financeiro Vaibhav Taneja aos investidores na teleconferência.

A fabricante de veículos elétricos com sede em Austin manteve a visão de que o crescimento nas entregas de veículos pode ser “notavelmente menor” do que no ano passado.

A Tesla iniciou sua maior rodada de demissões na semana passada, anunciando planos para um corte de mais de 10% no número de funcionários. A Bloomberg informou que Musk pressionou por uma redução de 20%. Dois altos executivos anunciaram suas saídas no meio da reestruturação. Outro gestor proeminente, o chefe de relações com investidores da Tesla, Martin Viecha, disse durante a teleconferência de terça-feira que deixaria a empresa.

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