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Quais os impactos da (possível) não aprovação da reforma trabalhista?

No curto prazo, a esperança que o mercado vinha depositando sobre esta aprovação faz com que o choque de confiança reduza os preços de ativos
Por  Terraço Econômico
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

*Por Caio Augusto, editor do Terraço Econômico

Em votação na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (20/06), foi rejeitado o relatório favorável à reforma trabalhista. Previa-se uma aprovação com pequena vantagem, mas ela acabou não ocorrendo, o que significa uma forte derrota para o governo Temer. Ainda não em definitivo, porque o relatório a ser apresentado ao Senado, mesmo que este tenha sido reprovado, pode ser idêntico, mas certamente uma derrota.

Os impactos dessa não aprovação são de curto e longo prazos.

No curto prazo, a esperança que o mercado vinha depositando sobre esta aprovação faz com que o choque de confiança reduza os preços de ativos por aqui (o Ibovespa operava em queda) e externamente (o dólar sinalizava continuidade de alta). Tendo em vista que as principais reformas deste governo são a do teto dos gastos, a trabalhista e a da previdência, ter apenas a primeira aprovada e as outras duas em risco deixa o cenário ainda mais instável.

No longo prazo, o efeito sobre o mercado de trabalho será sentido. Explica-se: com a atual estrutura trabalhista, recuperações econômicas costumam ocorrer antes da recuperação do desemprego, haja vista que, pela dificuldade que uma demissão envolve, a contratação vale menos a pena do que uma situação máxima de capacidade ociosa. Essa certa dificuldade burocrática que se tem tanto para contratações quanto para demissões faz com que o desemprego tenha um “arrasto” maior do que a economia, uma vez que aquele que contrata prefere não demitir, mas, quando o faz, utiliza ao máximo a força de trabalho que contratou antes de realizar novas contratações. O desemprego acompanha o PIB, mas tem uma notável defasagem de tempo.

Considerando que o cenário atual envolve uma capacidade ociosa considerável, a recuperação econômica com ou sem esta reforma não deve apresentar efeitos de curto prazo sobre o mercado de trabalho – mas, a recuperação mais rápida esperada com ela em cenários futuros, deixa de ocorrer sem esta reforma.

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É preciso reforçar que esta não é uma derrota completa, pois ainda haverá votação no plenário do Senado, o qual resolverá a questão. Entretanto, dada a fragilidade em que se encontra o governo Temer no período atual, é preciso pensar sobre quais caminhos são possíveis caso essa reforma (assim como a da previdência) não seja aprovada.

Terraço Econômico O Terraço Econômico é um espaço para discussão de assuntos que afetam nosso cotidiano, sempre com uma análise aprofundada (e irreverente) visando entender quais são as implicações dos mais importantes eventos econômicos, políticos e sociais no Brasil e no mundo. A equipe heterogênea possui desde economistas com mestrados até estudantes de economia. O Terraço é composto por: Alípio Ferreira Cantisani, Arthur Solowiejczyk, Lara Siqueira de Oliveira, Leonardo de Siqueira Lima, Leonardo Palhuca, Victor Candido e Victor Wong.

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