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Fim do PT, e do petismo?

Uma coisa é o fim do PT; outra, completamente diferente, é dizer que o petismo acabou. Enquanto a sociedade brasileira não entender que não existe um partido ou uma figura salvadora da pátria – ao contrário, onde há mais governo, há mais espaço para corrupção e desperdício de dinheiro do contribuinte - e que a corrupção e o atropelamento das instituições jamais devem ser tolerados em nome de governabilidade ou da “justiça social”, o petismo estará longe de estar morto.
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

 

Nove a cada dez formadores de opinião costumam dizer que o PT morreu. Concordo. Mas uma coisa é o fim do PT; outra, completamente diferente, é dizer que o petismo acabou. 

As mega manifestações contra o PT, a baixíssima popularidade da presidente Dilma, os “panelaços” e as hostilizações públicas a petistas e seus apoiadores são sintomas claros da rejeição do partido pela maioria da população brasileira. Não é preciso dizer que as causas dessa rejeição advêm da forte crise econômica, aliada aos casos de corrupção deflagrados pela operação Lava Jato. Por uma razão óbvia, fica difícil a população crer na ladainha de que a crise tem razões externas e a corrupção se deve exclusivamente ao Eduardo Cunha. Afinal, petistas graúdos foram presos e o PT está há 13 anos no poder.

Se de um lado o peso da realidade (sempre ela) colocou o PT, Lula e Dilma na lona, por outro, o petismo está longe de estar morto. Um dos elementos essenciais do discurso petista é colocar o partido, na figura de Estado, como o agente capaz de tirar milhares de pessoas da miséria contra a exploração dos banqueiros, dos empresários, da classe média, da direita, do PSDB, etc.. Grosso modo, tal discurso faz parte de todas as ideologias de esquerda, as quais, em maior ou menor grau, colocam o Estado como o ente salvador da nação, capaz de salvar as minorias de um sistema capitalista “elitista e opressor”. É evidente que, por razões óbvias, este discurso perdeu força pela boca dos petistas. Mas será que ele se enfraqueceria na boca de uma Marina ou de um José Serra? Em outras palavras, será que a população brasileira está contra o PT ou contra um sistema que concentra demasiadamente poderes na mão do Estado?

A ideia de que o governo é o ente salvador da nação tem origens histórias e já está no inconsciente coletivo da população brasileira, conforme muito bem analisado pelo livro “Para de Acreditar no Governo”, de Bruno Garschagen. Apesar do crescimento de correntes liberais e conservadoras, as quais defendem menor presença do Estado na economia, na política e na cultura, a crença no governo “salvador da pátria” ainda é muito forte no país. Por exemplo, a maior parte da população coloca o governo como o ator principal para melhorar a saúde e a educação, quando justamente ele é o principal responsável pelo caos nessas áreas devido a problemas de gestão e corrupção. Como nos acostumamos a pensar sempre em termos de governo, talvez, por isso, seja tão difícil pensarmos ”fora da caixa”, em soluções capazes de tirar pessoas da miséria, sem que passe pela dependência estatal.  

É justamente devido a essa crença de um “governo salvador da pátria”, aliada à passividade do brasileiro e à certa dose de tolerância com a corrupção, é que o petismo não morreu. Não é à toa que, segundo a coluna Painel da Folha São Paulo (09.02), surgiu um movimento de petistas para abandonar o PT e criar um novo partido. Será que esses políticos “fujões” querem romper com o partido porque não acreditam mais na ideologia petista ou por que tentam salvar a sua imagem e o próprio petismo? Será que manter as mesmas pessoas do partido, apenas trocando sua sigla, é o fim do petismo?

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A resposta evidentemente é não. Enquanto a sociedade brasileira não entender que não existe um partido ou uma figura salvadora da pátria – ao contrário onde há mais governo, há mais espaço para roubalheira e desperdício de dinheiro do contribuinte – e que a corrupção e o atropelamento das instituições jamais devem ser tolerados em nome de governabilidade ou da “justiça social”, o petismo estará longe de estar morto. Apenas se transformará numa nova sigla, numa nova cor, numa nova bandeira, num novo “ismo”, preservando seu DNA num novo partido, num novo hospedeiro, a fim de conquistar novamente milhares de eleitores que se encantam com qualquer discurso populista-socialista que prometa a salvação pelo Estado.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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