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5 motivos simples para entender o sucesso da Magazine Luiza; ações disparam novamente na bolsa

O primeiro trimestre mostrou que a Magazine Luiza ainda consegue surpreender os analistas mais otimistas 
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – As expectativas eram altíssimas – mas a Magazine Luiza (MGLU3) conseguiu superá-las e teve um desempenho impressionante no primeiro trimestre de 2017, conforme mostrou o resultado publicado na noite da última quinta-feira (4). Isso levou as ações MGLU3 a saltarem nesta sessão, chegando a R$ 273,00 – ou alta de 20,26%. Os papéis amenizaram os ganhos ao longo do dia, mas sempre com ganhos de dois dígitos. 

A empresa  – melhor ação de 2016 com ganhos de 501% – viu seu lucro líquido disparar 1.014%, passando de R$ 5,3 milhões no primeiro trimestre de 2016 para R$ 58,6 milhões no início deste ano. Já no resultado ajustado, o lucro da companhia saltou de R$ 17,8 milhões para R$ 58,6 milhões, alta de 229% ante o mesmo período do ano passado. Esse número superou em 64% a expectativa média entre os analistas do Itaú BBA, BB-BI, BTG Pactual e Santander, que esperavam lucro de R$ 36 milhões. 

Já a receita líquida da varejista subiu de R$ 2,26 bilhões para R$ 2,81 bilhões, um ganho de 24% em um ano, enquanto a expectativa era de alta de 11%. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado avançou 42,2%, pulando de R$ 163,1 milhões para R$ 231,9 milhões, enquanto a expectativa de mercado era de uma alta de 22% na média. 

“A companhia registrou outro trimestre impressionante, que esmagou tanto as nossas estimativas quanto as de consenso, de receita ao lucro”, afirmaram os analistas do Itaú BBA Thiago Macruz, Rubens Couto e Marco Calvi. 

Outra casa de análise que se surpreendeu positivamente foi o Brasil Plural: “os resultados da Magazine Luiza reforçaram a nossa visão de que a empresa é uma vencedora na estratégia de transformação digital com a melhor equipe de execução da indústria”. 

Revisões para cima

Em meio ao resultado tão acima do esperado, os analistas de mercado passaram a rever as suas estimativas para a varejista. O Bradesco BBI manteve a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a companhia e elevou o preço-alvo de R$ 205 para R$ 290, enquanto o Brasil Plural elevou a recomendação das ações de equalweight (exposição em linha com o mercado) para overweight (exposição acima do mercado), com o preço-alvo sendo elevado de R$ 200 para R$ 260. Outra casa de análise a se surpreender foi o BTG Pactual, que agora tem um preço-alvo de R$ 249 para os ativos, ante R$ 208. 

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Levando à forte alta dos números da companhia, alguns pontos foram destaque: i) o ganho consistente de participação de mercado, com o crescimento das vendas em todos os canais, ii) a contribuição positiva do e-commerce, bem acima da média do crescimento do mercado iii) a diluição significativa das despesas operacionais, que diminuíram em 2,3 pontos percentuais, para 22,2% da receita líquida e alcançando o menor nível dos últimos anos, iv) a melhoria da equivalência patrimonial e v) a melhoria no resultado da Luiza Cred, com a queda do índice de inadimplência em mais de noventa dias em 3,6 pontos percentuais.  Conforme aponta o Brasil Plural, como resultado, a empresa continua a ficar à frente dos seus concorrentes e ganhar participação de mercado.

As vendas do e-commerce cresceram 56,2% nos três primeiros meses do ano, enquanto o mercado cresceu 8,1%, segundo o E-bit, atingindo um recorde de 28,4% nas vendas totais. Além disso, em função de uma melhora no giro dos estoques e uma melhor relação entre o saldo de estoques e fornecedores, a companhia melhorou sua necessidade de capital de giro ajustado em R$ 380,6 milhões nos últimos 12 meses. Neste mesmo período, a dívida líquida ajustada passou de R$858,7 milhões em março de 2016 para R$ 443,7 milhões em março de 2017, uma redução de R$ 415 milhões, reduzindo a relação dívida líquida ajustada/Ebitda ajustado de 1,6 vez para 0,5 vez.

Em meio aos números positivos, os analistas de mercado mostraram menos dúvidas de que a ação da companhia deve seguir com o rali, apesar do rali de 115% neste ano e de ter registrado alta de 1.200% em 17 meses. 

“Vínhamos discutindo há algum tempo que o ‘momentum’ no Magazine Luiza continua forte e vai continuar a conduzir o preço da ação, apesar do rali de 115% neste ano”. Os resultados “sublinham e reforçam este ponto de vista”, afirmou o Bradesco BBI.

Segundo os analistas do banco, a empresa está se beneficiando de uma forte execução em um ambiente em que seus concorrentes estão distraídos por questões estratégicas e / ou preocupações sobre a rentabilidade. “A Magazine Luiza tem se mostrado excelente em uma gama de métricas que são chave para o desempenho: a satisfação do cliente na plataforma online, densidades de vendas (30% acima da Via Varejo) e margens brutas. A força dos últimos dois resultados trimestrais mostra que a Magazine Luiza está se fortalecendo nesses pontos, que estão se tornando vantagens competitivas. A empresa também continua a inovar. Por exemplo, entendemos que o uso do sistema Mobile Pinpad (que dispensa a ida aos caixas) nas lojas ajudou a melhorar significativamente a execução”, apontam os analistas. 

Desta forma, a companhia surpreende novamente e está consistentemente entregando seu plano de transformação, conforme destaca o BTG. Os analistas do banco reiterando sua visão positiva, apontando que a ação MGLU3 é uma excelente opção para se estar exposta em meio às perspectivas de aumento do e-commerce no Brasil para os próximos cinco anos.  Reforçando essa visão, os analistas do Brasil Plural apontam que a Magazine Luiza está preparada para continuar crescendo e conquistando participação de mercado, beneficiando-se da recuperação gradual da confiança dos consumidores e da renda disponível.  

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O futuro da companhia

Em meio a um resultado tão positivo, o que esperar para o futuro da empresa? Conforme afirmou em teleconferência o CEO, Frederico Trajano, a Magazine Luiza segue implementando o projeto de mudança digital a todo vapor e o pilar do market place (em que a companhia oferta para outras empresas de menor visibilidade a chance de expor seus produtos nas suas vitrines virtuais) tem sido uma prioridade esse ano. “Em abril tivemos a maior quantidade de vendedores deste ano”, afirmou Trajano. Ou seja, após o fechamento do primeiro trimestre.

A companhia pretende acelerar o ritmo de abertura de lojas neste ano, mas com um maior número de lojas “virtuais” do que lojas convencionais. Nas lojas virtuais, a metragem é menor e a venda ocorre online, sem que haja produtos em exposição, com a exceção de celulares. A Magazine Luiza encerrou 2016 com 800 lojas, sendo 100 virtuais. Já em 2017, quatro pontos de venda foram abertos e, segundo Trajano, há pontos contratados para serem abertos ao longo deste ano. 

Para o próximo trimestre, Frederico Trajano não espera grandes mudanças no cenário concorrencial nem no cenário macroeconômico, mas espera mudanças na segunda metade do ano.

“Teremos uma base de comparação mais difícil por conta do final de ano positivo que tivemos em 2016 e também uma concorrência mais organizada. Mas, por outro lado, o cenário macroeconômico estará mais favorável, o vento começará a soprar a favor do negócio e ajudará o segmento como um todo em meio à queda de juros e aumento de confiança. Teremos um vento a favor e faz tempo que não temos isso no nosso setor”, afirma. 

Em um cenário econômico complicado e cheio de questionamentos sobre a Magazine Luiza, a companhia conseguiu superar as expectativas e mostrar que ainda consegue surpreender – e muito – o mercado. Agora, com um cenário mais positivo para a economia, os analistas estão de olho até onde a companhia pode chegar.  

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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