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Se os balanços foram em linha com o esperado, por que a Vale caiu 4% e o Bradesco disparou 3%?

À primeira vista, os balanços pareciam ser neutros, mas não foi bem assim...
Por  Lara Rizério
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SÃO PAULO – Queda superior a 4% apesar de um forte resultado, alta de 3% apesar de muitos analistas avaliarem os números como em linha com o esperado. Afinal, o que explica o movimento de Vale (VALE3;VALE5) e Bradesco (BBDC4) na sessão desta quinta-feira (27) após os balanços?

A Vale viu suas ações subirem mais de 1,5% no começo da sessão na esteira do melhor balanço desde o terceiro trimestre de 2013, com a companhia registrando lucro líquido de R$ 7,891, alta de 25% na base de comparação anual, impulsionado pelo aumento da produção de minério de ferro, sua principal commodity, e apesar do impacto negativo do menor volume de vendas sazonal. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado subiu para R$ 13,523 bilhões, alta de 82,5% em relação ao mesmo período do ano passado. 

Os analistas em geral passaram viram os números razoavelmente em linha com o esperado. O BTG Pactual destacou que o Ebitda ajustado veio levemente abaixo do consenso em meio ao dado mais fraco da divisão de não-ferrosos e carvão.  Por outro lado, a pressão de custos na divisão de ferrosos foi menor que o esperado e a desalavancagem foi outro destaque positivo, com uma redução de US$ 2 bilhões. 

Já a XP Investimentos apontou que o primeiro trimestre foi forte, mas em linha com as estimativas, enquanto o Bradesco BBI apontou que os números foram como o esperado, com os embarques de minério de ferro mais baixos do que o esperado em meio à formação de estoques para blending, “provavelmente uma estratégia comercial relacionada aos prêmios
de minério de ferro”. 

Se as ações abriram em alta, logo na primeira hora do pregão elas diminuíram os ganhos e passaram a ter baixa ainda maior, com os papéis ON fechando em queda de 3,25%, a R$ 26,83, enquanto os ativos PNA tiveram baixa de 4,33%, a R$ 25,60. E o motivo principal para isso é algo que não é novidade para os papéis da empresa: as incertezas com a cotação do minério de ferro. 

No primeiro trimestre de 2017, a companhia ainda se beneficiou da forte alta do preço da commodity, que atingiu a casa dos US$ 95 a tonelada no final de fevereiro. Porém, o minério de ferro registrou queda acentuada desde o seu pico e é negociado neste final de mês a US$ 66, o que fez o mercado reavaliar as suas expectativas para a mineradora.

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Cabe destacar ainda que nesta semana outra gigante do setor de mineração anunciou uma produção recorde de minério de ferro e o desenvolvimento de novas plantas, enquanto a Vale divulgou na semana passada também uma produção recorde. Desta forma, como destaca o analista da XP Investimentos Marco Saravalle, apesar da demanda continuar forte, há temores de que o mercado não consiga absorver tamanha oferta que passa a entrar no mercado.

Nesta semana, Justin Smirk, economista sênior da Westpac Banking Corp e um dos principais analistas da commodity do mundo, apontou que o minério de ferro está destinado a ficar novamente abaixo de US$ 50 a tonelada no ano que vem. O BTG Pactual também destacou alguns pontos que estão pesando negativamente sobre o investimento do investidor após a divulgação do balanço: a avaliação de que os estoques portuários estão altos e o que estoques em usinas e minas permanecem baixos, apontando que a manutenção desses estoques será um processo doloroso. Além disso, a fraqueza no segmento de metais não-ferrosos, uma das decepções deste balanço, deve continuar no curto prazo, em meio a paradas de manutenção, entre outras pressões sobre o custo.

Soma-se a isso a percepção de que espera-se que a volatilidade no mercado de minério vai continuar no curto prazo. “A formação de preços do minério de ferro vem mudando (mais sentimento, menos fundamento). Esta nova característica vem pesando sobre o sentimento”, segundo aponta o BTG. 

Por outro lado, o analista Marco Saravalle aponta que a queda da ação nesta sessão é “exagerada” e que o mercado está precificando o preço do minério entre US$ 50 a US$ 55. A expectativa do analista é de que, após um otimismo muito exagerado com o minério seguido de um pessimismo igualmente exagerado, o minério fique acomodado no patamar de US$ 65,00, o que configuraria um potencial de valorização para a ação superior a 30%. 

“As ações da Vale estão sendo negociadas a 6,5 a relação preço sobre lucro e 4,6 a relação EV/EBITDA [valor da empresa sobre o Ebitda] para 2017, múltiplos bastante baixos para a média histórica. Mesmo considerando um cenário bastante conservador para os preços de minério de ferro, ainda encontramos expressivo potencial de valorização para as ações da Vale em bolsa. Mantemos recomendação de compra após os resultados trimestrais”, afirma a XP Gestão. Por outro lado, o BTG e o Bradesco BBI seguem com recomendação neutra para os ativos – justamente de olho no minério de ferro.

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Enquanto isso, o Bradesco…

Na outra ponta da bolsa, estiveram os papéis do Bradesco, que chegaram a subir 3% após o balanço, em que apresentou lucro líquido ajustado de R$ 4,6 bilhões, um aumento de 13% frente o mesmo período do ano anterior.

O resultado do primeiro trimestre veio sem grandes surpresas, trazendo um lucro líquido ajustado levemente abaixo das expectativas do mercado, segundo estimativas da Bloomberg. Já o JPMorgan apontou que a receita líquida foi branda, enquanto a margem financeira ficou 4% abaixo das estimativas do banco.

Por outro lado, os analistas do JP também destacaram a forte melhora da qualidade dos ativos, um dos grandes vetores para a alta dos papéis nesta sessão.  Os resultados mostraram um “resultado sólido com tendências mistas”, disse Carlos Macedo, analista do Goldman Sachs em relatório destacando, além da melhora da qualidade dos ativos, a melhora da eficiência.

Além disso, o Bradesco informou provisão menor para empréstimos ruins no primeiro trimestre, uma vez que a economia brasileira mostra sinais de sair da pior recessão de sua história. “As despesas com provisões caíram pelo segundo trimestre consecutivo, para R$ 4,86 bilhões; no mesmo período do ano passado, o banco gastou R$ 5,45 bilhões com provisões”, o que animou o mercado. 

Assim, o BTG Pactual ressalta: “mais do que o lucro, a qualidade dos ativos mostrou boa melhora em todas as linhas. A margem financeira veio fraca, mas a provisão e o controle de despesas em meio ao fechamento de 190 agências e demissão de dois mil funcionários) mais do que ofuscaram”. Os analistas do BTG seguem com recomendação de compra para os papéis. 

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Além disso, em teleconferência com jornalistas, as perspectivas foram bastante positivas. Os executivos do Bradesco previram que os índices de inadimplência terão melhora gradual ao longo dos próximos trimestres, e terão queda significativa a partir de 2018. Além disso, segundo o vice-presidente e diretor de relações com investidores do Bradesco, Alexandre Glüher, o banco já começou a perceber recentemente uma melhora na demanda por crédito, especialmente no varejo, tendência que deve se intensificar nos próximos meses.

“Isso também deve se refletir no aumento da margem financeira com juros”, disse Glüher, referindo-se às receitas obtidas com operações de crédito, que também caíram na passagem do quarto trimestre de 2016 para o primeiro deste ano. Para os executivos, o efeito do aumento do volume de empréstimos deve compensar com sobras a oferta de taxas menores a clientes, em linha com o declínio da Selic. 

De todo modo, Glüher e Carlos Firetti, diretor de relações com os investidores, tiveram cautela durante a teleconferência. Eles creditaram a melhora esperada dos resultados do Bradesco para 2018, uma vez que oscilações negativas ainda podem pesar sobre os negócios, tais como a chance de novas baixas contábeis sobre ativos financeiros e o aumento dos níveis de sinistros, as indenizações que seguradoras pagam a clientes.  

Assim, além da melhora neste trimestre, os analistas de mercado estão otimistas com o setor bancário, em meio às perspectivas de melhora da economia, o que também vem impulsionando os papéis de seus pares nos últimos meses. 

Desta forma, após uma primeira leitura de resultados em linha, o mercado olhou de forma mais profunda para os balanços das duas empresas e passou a precificar principalmente as perspectivas para as companhias. Neste caso, a primeira impressão não foi a que ficou no mercado. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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