Medo do governo utilizar BB para cortar juros faz ação cair mais de 2%

Papéis BBAS3 descolam-se do setor, diante da possibilidade do governo voltar a intervir nas taxas de juros, visando atingir meta do PIB

Nara Faria

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SÃO PAULO – O posicionamento do governo afirmando que pretende cumprir a meta do PIB (Produto Interno Bruto) para o ano, e que para isso as taxas de juros podem novamente ser reduzidas, pressiona as ações do Banco do Brasil (BBAS3) nesta sexta-fera (5), que operam bastante descoladas do setor.

Às 12h13 (horário de Brasília), as ações da instituição financeira registravam queda de 2,37%, sendo negociadas R$ 23,97. Os papéis BBAS3 são um dos poucos a operarem no vermelho nesta sessão, em dia em que o Ibovespa avança 1,34% no mesmo horário. Outros ativos do setor, como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,16, +2,00%), Bradesco (BBDC4, R$ 32,70, +0,62%) e Santander Brasil (SANB11, R$ 15,01, +0,47%) operando no campo positivo.

Para o operador da Renascença Corretora, Eric Martins, o desempenho negativo dos papéis do Banco do Brasil reflete a preocupação dos analistas de que o banco seja utizado para novos cortes. “A desconfiança do mercado é que o governo utilize o Banco do Brasil para aplicar essas quedas nas taxas de juros”, afirma o analista. 

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Mais cortes de juros
As desconfianças do mercado ganham força com as medidas anunciadas recentemento pelo banco. Na última quarta-feira (4) o Banco do Brasil anunciou medidas para reduzir os juros em linhas de crédito para pessoas físicas e micro e pequenas empresas. O banco vai elevar em R$ 26,8 bilhões os limites de crédito para micro e pequenas empresas, e em R$ 16,3 bilhões os limites para pessoa física. No total, serão R$ 43,1 bilhões de aumento no limite de empréstimos.

Não é a primeira vez que o governo utiliza os bancos públicos como ferramenta para intervir no setor financeiro privado. Em meados de abril, o BB anunciou redução nos juros de diversas linhas de financiamento, fazendo com que as instituições privadas também reduzissem as taxas de juros cobradas para diferentes modalidades para pessoas físicas e jurídicas como forma de manter a competitividade no mercado.