Damodaran: Crise da Covid-19 premiou companhias flexíveis e pode ter colocado século XX para “repousar”

Segundo professor de finanças, capital de risco privado "permaneceu no jogo" na crise e beneficiou empresas que se adaptaram rapidamente

Bruna Furlani

Aswath Damodaran

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SÃO PAULO – Para um dos nomes mais aclamados do mercado financeiro, considerado uma espécie de “papa do valuation“, embora a crise provocada pela pandemia de Covid-19 tenha prejudicado a maior parte das empresas globais, é importante olhar para as “vencedoras”.

Conhecido por seus textos sobre avaliação de empresas e gestão de portfólio, Aswath Damodaran avalia que a pandemia foi uma crise diferente, por ter premiado companhias flexíveis, que conseguiram se movimentar de forma acelerada.

Nesse sentido, ele diz que essa “foi uma crise que colocou o século XX para repousar”, ao mudar completamente os princípios que regiam os negócios até então, e beneficiar companhias com maior capacidade de adaptação do que as do século passado. Segundo Damodaran, empresas mais velhas sofreram mais do que as mais novas.

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O professor de finanças da Stern School of Business, da Universidade de Nova York, falou na noite desta quinta-feira (17) em live promovida pelo clube de finanças da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. E disse que um dos pontos que mais chamaram a sua atenção na crise de agora é o fato de o capital de risco privado ter “permanecido no jogo”, ao contrário do que ocorreu nas crises anteriores.

Em outras palavras, as aberturas de capital continuaram a ocorrer, assim como fundos de venture capital seguiram investindo em companhias, especialmente naquelas que foram capazes de se adaptar rapidamente. E, naturalmente, essas mudanças também provocaram alterações na hora de analisar os múltiplos das companhias.

“Toda avaliação conta uma história. Agora, teremos que começar a nos perguntar como a Covid-19 mudou a história daquela companhia”, destacou Damodaran.

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Para exemplificar, o especialista citou o caso da companhia aérea Norwegian Airlines. De acordo com ele, a pandemia destruiu a companhia ao provocar forte queda de receita no ano passado e também ao fazer com que uma boa parcela da população possa cogitar não entrar mais em um avião.

Por outro lado, o Airbnb pode ter sido uma das companhias fortalecidas com a crise. Embora muitas pessoas tenham deixado de viajar, disse o professor, as grandes redes hoteleiras acabaram sofrendo mais com retrações expressivas durante a pandemia e o Airbnb sofreu menos o impacto por ser uma empresa mais jovem e com capacidade para se adaptar de forma mais rápida.

De olho no futuro

Ao ser questionado sobre empresas que poderiam estar superavaliadas, Damodaran disse que é preciso avaliar fatores como a evolução do mercado, competidores e margens. E não se limitar ao preço.

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Para exemplificar, o guru destacou que, embora o mercado mais tradicional de veículos esteja passando por fortes mudanças e dando lugar à indústria de carros elétricos, não é possível dizer que todas as companhias do novo segmento contem com bons múltiplos de avaliação.

“Antes de avaliar uma empresa, as pessoas precisam se perguntar: o que faz esse investimento incrível e não o que faz essa empresa incrível? Isso porque a primeira pergunta está mais ligada ao valor da companhia em termos de futuro, enquanto a segunda se refere mais a quem está gerenciando a empresa”, finalizou o guru.

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