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“Capitalismo de compadrio” é propulsor da corrupção no Brasil

Membros da força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, e o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, falam sobre os laços de políticos e empresários no País
Por  Um Brasil
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Existe uma ideia equivocada de que a sociedade brasileira é corrupta, quando, na verdade, o que impulsiona a corrupção no País são os laços entre políticos e grandes empresas, vínculo que pode ser chamado de “capitalismo de compadrio”. É o que diz o procurador do Ministério Público Federal (MPF) e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com a Expert XP 2018, Dallagnol enfatiza, ao lado do procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, que “existe um mecanismo espalhado por todo o País de corrupção generalizada e sistêmica na esfera pública”. Segundo ele, a população brasileira é a segunda menos corrupta da América Latina, ficando atrás apenas da de Trinidade e Tobago. Contudo, quando se leva em conta o “topo da pirâmide social”, incluindo grandes empresários e políticos, o País se torna o quarto mais corrupto do mundo.

“Isso reflete um pouco o que alguns estudiosos falam sobre o Brasil quando enquadram o País no conceito de capitalismo de amigos ou de compadrio: uma ideia que diz que elites política e econômica se aproximam para extrair benefícios em prejuízo de toda a sociedade”, comenta o procurador do MPF.

Para Carlos Lima, o problema da corrupção brasileira é sistêmico. “Mudam-se os atores no lado dos empresários e mudam-se os governos, os partidos, os caciques, mas o sistema continua. Esse sistema perdura, talvez, desde a década de 1950 ou até mais”, comenta.

De acordo com o procurador da República, um dos efeitos da Lava Jato foi impulsionar a adoção de medidas de compliance – ações com o objetivo de cumprir normas legais e evitar desvios – nas empresas.

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“Não há mais como trabalhar sem compliance, especialmente no mundo globalizado. Não estamos falando só de Brasil, estamos falando de um sistema interligado que, hoje, uma ação no Brasil pode gerar punições nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha, em diversos países. Isso veio para ficar. Ainda está precisando haver um comprometimento efetivo das empresas. O compliance é honestidade, e não apenas licitude”, salienta Lima.

Sobre o assunto, Dallagnol comenta que a integridade corporativa tem que ser trabalhada para dentro e para fora da organização. “Uma grande empresa envolvida até o pescoço nos esquemas de corrupção na Lava Jato tinha um setor de compliance, mas, ao mesmo tempo, tinha uma área que podemos chamar de anticompliance, que era responsável pelo pagamento de propinas. Isso era possível porque o sistema de compliance funciona dos chefes para baixo, quando eram os mesmos chefes que ordenavam e organizavam o grande esquema de propina”, expõe Dallagnol.

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