Vale: “momento raro” pode ser oportunidade para quem busca dividendos agora

Previsão de aumento do minério de ferro, queda nos custos e forte dinâmica de ganhos estão entre os fatores destacados por analistas do setor

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Uma “nova era do minério de ferro” pode ser traduzida em resultados surpreendentes para a Vale no futuro próximo, de acordo com analistas e gestores com cobertura do setor. Com este cenário pela frente, junto a um “momento raro” dos negócios, a mineradora tem tudo para ser uma boa pedida para compor carteiras de investimentos focadas no pagamento de dividendos.

Em relatório publicado na última segunda-feira (17), o analista Thiago Lofiego, do Bradesco, atualizou a recomendação da empresa para compra, prevendo potencial de valorização de 43% para a ação e dividendos anuais de aproximadamente 10% ao ano. A previsão “empata” com a da XP Gestão. Para o gestor Marcos Peixoto, “Vale está barata e deve pagar um dividendo de cerca de 10% nos próximos dois ou três anos”.

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Da parte do minério, o analista do Bradesco elevou em US$ 5 suas previsões para o preço da tonelada nos próximos anos: para US$ 70 em 2018; US$ 65 em 2019 e 2020 e US$ 60 no longo prazo. São valores relativamente altos, ainda que não cheguem ao pico já atingido pela commodity. Thomas Stahl, diretor geral e chefe global da cobertura de commodities do Deutsche Bank, disse nesta semana ao Valor vislumbrar um cenário de tendência de alta para os próximos anos, especialmente os que têm maior teor de pureza – grande foco de trabalho da Vale. 

Mas preço do minério em si não cria a oportunidade sozinho – e a Vale tem mais a apresentar. De acordo com Luiz Otávio Laydner, head da área de Research da Vinci Partners, a companhia está em um momento altamente favorável e raro, que soma dois fatores essenciais: além da alta geração de caixa, possibilitada pelo minério valorizado, e, tão importante quanto, uma estrutura de capital que não prevê grandes investimentos por ora.

 “Empresas muito dependentes de commodities em geral não tendem a ser grandes pagadoras de dividendos por natureza”, disse Laydner ao InfoMoney. “Quando o preço da commodity está baixo, os resultados são fracos; quando está elevado, é comum que entrem em projetos de expansão ou façam aquisições”, destrincha ele. “Na Vale, isso é muito flagrante: os momentos de alta do minério costumam ser marcados por aquisições”.

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Isto posto, é crucial para a manutenção do pagamento de dividendos gordos essa perspectiva de manutenção dos negócios sem grande comprometimento da receita. Na visão dos analistas, quando a empresa chegar ao nível de endividamento que considera ideal, deve começar a pagar estes dividendos mais gordos e/ou recomprar ações: duas formas de remunerar o acionista. Estas recompras devem atingir US$ 3 bilhões, pelos cálculos do Bradesco.

Eleições e dólar

De acordo com o head da Vinci, embora qualquer empresa sediada no Brasil deva ser afetada pelo resultado das eleições, a Vale está em uma categoria, de certa forma, protegida, pela forte relação com o mercado internacional. Exportadora, a mineradora se movimenta muito mais de acordo com o câmbio que com o cenário macroeconômico doméstico – por isso, boa parte dos analistas que acompanham o papel levam em conta o preço da ação em dólar.

Para o investidor brasileiro, contudo, ainda vale o adendo: “se o real valorizar, o papel tende a ficar para trás no curto prazo”, diz Peixoto, da XP Gestão. Isso não muda o restante da avaliação de cenário para a empresa, mantendo a visão positiva para o médio e longo prazo.

A ação VALE3 fechou com valorização de 4,17% na última terça-feira (18), ante alta de 1,99% do Ibovespa. No ano, o papel da empresa acumula +48,19%.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney