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SÃO PAULO – A situação não está nada confortável para um dos carros-chefes do Ibovespa. A Vale (VALE3; VALE5), cujas ações possuem a segunda maior participação na carteira teórica do índice, vem de uma sequência de quedas de tirar o sono de qualquer acionista: do início do ano para cá, a empresa já perdeu quase um terço do valor de mercado, indo de R$ 223,87 para R$ 155,33 bilhões, de acordo com os dados da BM&FBovespa atualizados na última terça-feira (11).
A mineradora atualmente ocupa o terceiro maior valor de mercado da bolsa, atrás de Ambev (AMBV4) e Petrobras (PETR3; PETR4), com R$ 239,6 bilhões e R$ 231,8 bilhões, respectivamente.
Esse pessimismo do mercado levou os papéis preferenciais da empresa, que possuem maior liquidez, a figurarem no menor patamar desde setembro de 2009, sendo cotados a R$ 27,78, segundo fechamento de 11 de junho. Nesta quarta-feira (12), o movimento segue declinante, com VALE3 e VALE5 caindo 1,85% e 2,38%, respectivamente, para R$ 29,16 e R$ 27,12, nesta ordem.
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Mais economia do que fundamentos
Segundo analista Victor Penna, do BB Investimentos, a Vale está sendo pressionada mais pelo cenário macroeconômico do que pelos fundamentos. E por trás deste cenário macroeconômico, está justamente seu principal cliente: a China.
Os dados da China não vem animando o mercado. O país, que é o principal destino do minério de ferro da Vale, mostrou no fim de semana que as importações em maio caíram 0,3%, ante expectativas de aumento de 6%.
“A economia da China está arrefecendo, o Brasil não vem apresentando consistência nos dados, enquanto os Estados Unidos voltaram a mostrar melhora nos números. Com isso, os investidores tendem a voltar para economias mais desenvolvidas. Vemos uma migração dos grandes investidores para o mercado norte-americano”, disse Penna.
Se olhar para os múltiplos da mineradora, no entanto, a Vale está bem descontada em relação aos pares. O EV/Ebitda (relação entre valor da empresa e o Ebitda, que é o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Vale está em 5 vezes, enquanto dos seus pares está em 6 vezes, aponta Penna.
“O mercado está batendo bem forte nos papéis em função da incerteza macroeconômica, que acarretou a migração dos grandes investidores”, complementou Penna.
Nem mesmo a valorização do dólar frente ao real tem conseguido alimentar uma esperança dos investidores. Em relatório do final de maio, o Bank of America Merrill Lynch destacou a vantagem da Vale em relação ao câmbio, mesmo levando em consideração um cenário econômico enfraquecido na China e queda no preço do minério de ferro. Com isso, o banco reiterou a recomendação de compra do papel.