Incertezas fiscais e política monetária nos EUA: o que esperar para a Bolsa brasileira em 2023, segundo a Truxt 

Gestor foi o convidado do podcast Stock Pickers no Onde Investir 2023,  evento organizado pelo InfoMoney

Rafaella Bertolini

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A Bolsa brasileira está descontada. Mas, em meio às incertezas políticas e fiscais em um cenário macroeconômico mais barulhento, desde o ano passado observa-se a evasão de recursos dos investidores locais.

Neste ambiente, o que podemos esperar para 2023?

O tema foi destaque durante o último dia do Onde Investir 2023. Organizado pelo InfoMoney, o evento discutiu os principais temas que influenciarão suas finanças e investimentos ao longo do ano.

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O painel do Stock Pickers trouxe Bruno Garcia, sócio-fundador da Truxt Investimentos. O papo começou com um panorama sobre os Estados Unidos; Garcia lembra que “o que tem acontecido com mercado americano, como maior polo de liquidez do mundo, vem sendo bastante representativo, não só para os EUA, mas para o mundo inteiro”.

Depois de um 2022 difícil para o país, com o Federal Reserve (banco central dos EUA) tendo que subir os juros significativamente para conseguir combater a inflação, o cenário parece ter começado a melhor por lá em meados de outubro do último ano, avalia.

Os últimos três CPIs (principal índice inflacionário do país) indicam, segundo o gestor, uma inflação próxima aos 2% ao longo do ano que vem (que é a meta do Fed). Com isso, a casa entende que o cenário deve ser mais positivo.

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Mesmo assim, o executivo ainda vê a bolsa americana com preços elevados. Assim, na Truxt, ela está colocada como opção em  short (posição vendida, apostando na queda dos ativos).

Brasil 

Por aqui, Bruno Garcia diz que o grau de pessimismo no Brasil (pelo próprio brasileiro, devido à persistência do ruído político) está tão grande que qualquer melhora pode trazer um movimento muito forte de recursos para os ativos nacionais.

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“Os juros no Brasil não estão caindo hoje por conta dos ruídos políticos. Portanto, na hora que as coisas se acertarem e os ruídos diminuírem, podemos até trabalhar com um cenário de queda de juros no Brasil e apreciação da moeda [real]”.

Atual governo  

Sobre o atual governo, Garcia acredita que “o palanque [eleitoral] não foi abandonado” ainda, o que atrapalha a agenda.

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“A impressão que eu tenho é que o Lula está mais centralizador e ideológico. Eu acreditava que ele teria uma postura mais pragmática na condução da economia e para com o mercado”, afirma o gestor.

A grande preocupação em seu radar é uma possível falta de força política do atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para fazer o “mínimo”.

“Se o mercado externo não estivesse tão bom, se o dólar lá fora não estivesse depreciado 10% e o mundo tivesse piorado muito, possivelmente estaríamos agora com o dólar a R$ 6,00 e a postura do governo seria agora muito mais preocupada do que é”.

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A parte boa, para ele, é que o mercado começa a enxergar as falas mais contundentes do atual presidente mais como um “ruído”, do que como necessariamente prenúncio de uma ação.

China 

Voltando para outras geografias, um dos mais importantes players, a China, não passou batido pelo painel. “A China é uma lição de humildade para todo gestor”. O executivo relembra que a bolsa da região estava negociando a 8 vezes a relação preço sobre o lucro  em outubro, e está entre 11 e 12 agora.

A melhora nos investimentos por lá também influenciam no nosso cenário local. Afinal, o dinheiro que sai dos mercados americanos e procura os emergentes acaba “respingando” no Brasil.

No entanto, Bruno concorda que a China deve ser tratada como um “trade” e não uma opção de longo prazo, dadas as incertezas e desproteção históricas que envolvem o investimento nos mercados do gigante asiático.

Rafaella Bertolini

Editora de redes sociais do Stock Pickers e Do Zero ao Topo. Escreve reportagens sobre empreendedorismo, gestão, inovação e mercados para o InfoMoney.