Comprado em real e em bancos americanos: a visão multimercado de Marcio Appel

Um dos mais importantes gestores do Brasil pela primeira vez no Stock Pickers.

Renato Santiago

“Temos uma posição de ações, que é basicamente um grande livro long and short. Gostamos no Brasil do que ninguém gosta: Petrobras e Vale. Lá fora gostamos de coisas que muita gente também não gosta, os bancos. Temos uma carteira vendida em moedas emergentes e comprada em real (posição que mudou do início do ano para cá) e comprada em franco suíço e vendida em euro. Temos também NTN-Bs longas”.

Assim, de maneira objetiva, Marcio Appel resume a atual carteira de investimentos da Adam Capital. 

Um dos gestores de maior destaque no Brasil, Appel é um dos personagens do excelente Fora da Curva 2 (cuja apresentação você pode ouvir o Thiago Salomão recitando), criador e gestor do lendário fundo Galileo, do Safra, e fala ao Stock Pickers pela primeira vez neste episódio.

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Com seu estilo direto, raciocínio rápido e opiniões muitas vezes contrárias ao senso comum do mercado, ele trouxe sua visão sobre as Bolsas, a moda de investir em ações, a moda do ouro, juros e dólar.

Aliás, ele falou também o que pensa sobre quando e como prefere falar. Diferentemente de muitos colegas de profissão, Appel não não é tão afeito às entrevistas e às redes sociais como seus colegas de indústria.

“Nossa visão não muda de um dia para o outro. Não adianta eu ficar falando todo dia”, resume o gestor.

Visão para 2020 e a moda da Bolsa

Otimista em 2018, quando a Bolsa brasileira negociava em cerca de 70 mil pontos, Appel falava em uma duplicação de tamanho da B3 e no Ibovespa a 160 mil pontos. Hoje, a visão é diferente: “Temos uma expectativa de crescimento muito pior em 2020 que em 2018 e os preços já começaram o ano alto”, diz. 

“A Bolsa a 100 mil pontos eu não acho que estaria especialmente cara, se houvesse uma composição de preços diferente. Por exemplo se Petrobras e Vale valessem o dobro. Mas uma boa parte do que andou vem em parte desse grande fluxo de novos investidores”, afirma.

Appel não deixou nenhuma curiosidade nossa sem resposta: falamos da performance regular do fundo nos últimos anos (apesar da redenção de 2020), se ele se incomoda com a ‘fama de mau’ criada no mercado, por que ele prefere o modelo mais centralizador de risco ao invés de dividir a gestão em várias “caixas”, entre outras perguntas.

Dentre as várias frases que mereciam destaque, uma das que mais gostamos foi: “Controle de risco é o que te faz zerar mesmo sem mudar de opinião (…) Mercado não é que nem vídeo game, que você morre e consegue voltar; se você morrer, acabou”.

Para ouvir as respostas completas de Appel, é só clicar no play.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney