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Cientistas dos Estados Unidos encontraram uma possível relação entre a infecção por Covid-19 e a regressão do câncer. O estudo foi publicado na última quarta-feira (20), na revista científica Journal of Clinical Investigation.
Os pesquisadores do Northwestern Medicine Canning Thoracic Institute acreditam que a descoberta pode abrir novos caminhos para tratamentos contra o câncer.
A pesquisa mostra que o RNA do vírus SARS-CoV-2, que causa a doença, foi capaz de desenvolver um tipo único de célula imunológica com propriedades anticancerígenas.
Segundo os cientistas, as células “monócitos não clássicos induzíveis” (I-NCMs, em inglês) conseguiram atacar as células cancerígenas. Com essa conclusão, é possível que seja possível utilizá-las para tratar pacientes em estágios mais avançados de câncer, principalmente os resistentes às terapias atuais.
Além disso, os resultados da pesquisa podem ajudar a entender o porquê da regressão relatada de alguns cânceres após infecções por Covid-19.
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Câncer e Covid-19
Em comunicado à imprensa, Ankit Bharat, um dos pesquisadores do estudo e chefe de cirurgia torácica e diretor do Canning Thoracic Institute, afirmou que a descoberta abre uma nova via para o tratamento contra o câncer.
“Descobrimos que as mesmas células ativadas pela Covid-19 grave podem ser induzidas com um medicamento para combater o câncer, e observamos respostas específicas em cânceres de melanoma, pulmão, mama e cólon durante o estudo.”
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Ele ressalta que, apesar de estar nas fases iniciais, e de os testes terem sido feitos apenas em modelos pré-clínicos em animais, há um nível de esperança que a abordagem possa beneficiar pacientes.
O estudo foi desenvolvido com tecidos humanos e modelos animais. Os resultados apontam que as células imunológicas podem ser estimuladas farmacologicamente usando pequenas moléculas, criando uma potencial nova opção terapêutica para pacientes oncológicos.
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Mais sobre o estudo
O estudo mostrou que durante a infecção por Covid-19, um subconjunto especial de células imunológicas pode ser estimulado no corpo.
Isso acontece quando o RNA do vírus ativa determinados sinais no sistema imunológico, transformando os monócitos comuns (que é um tipo de glóbulo branco) em I-NCMs. Assim, essas células conseguem se mover pelos vasos sanguíneos e tecidos ao redor dos tumores.
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Bharat explica que essas células se tornam especiais por sua capacidade dupla. Outros tipos de monócitos não clássicos “patrulham” vasos sanguíneos para encontrar ameaças, mas não entram no tumor em si, por conta de receptores específicos.
Por outro lado, os I-NCMs criados durante a Covid-19 grave mantêm um receptor único chamado CCR2, “que permite que eles ultrapassem os vasos sanguíneos e entrem no ambiente tumoral”, disse.
“Uma vez lá, eles liberam certos químicos que recrutam as células naturais exterminadoras do corpo, que então atacam diretamente as células cancerígenas, ajudando a reduzir o tumor.”
O especialista destaca que mesmo com os resultados promissores da pesquisa, ainda será necessário fazer mais estudos sobre o assunto para que possa ser usada em ambientes clínicos.
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A equipe espera que, com mais pesquisas, consiga desenvolver terapias que visem especificamente essas células para tratar cânceres atualmente difíceis de gerenciar.
Isso pode oferecer novas opções de tratamento para pacientes que já esgotaram todas as outras possibilidades.
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