Vender na alta e comprar na baixa: Eike está seguindo esse mantra?

Analistas ressaltam que fechamento de capital da LLX não é uma tentativa de "sacanear" os acionistas minoritários

Felipe Moreno

Publicidade

SÃO PAULO – A notícia de que Eike Batista decidiu fechar o capital da LLX Logística (LLXL3) provocou raiva em milhares de investidores. As ações, que um dia chegaram a valer R$ 10,30, deverão ser retiradas da bolsa a R$ 3,13, representando perdas de 69,61% para o investidor adquiriu o papel da empresa no topo histórico.

Irados, muitos sócios do megaempresário afirmaram que esse era um movimento para “sacanear o minoritário” – que estavam ao seu lado no ônus da crise, mas seriam descartados no bônus da recuperação. “Não acredito que isso seja um movimento de sacanagem”, afirma Henri Evrard, analista da Infinity Asset. 

Eike estaria fazendo o que todo investidor deseja: vendendo na alta e comprando na baixa. Aproveitando o bom momento do mercado na época da abertura de capital, quando era fácil captar dinheiro, para fechar quando essas ações estivessem abaixo do patamar. A abertura de capital da LLX por volta dos R$ 4,50 colaboraria com esse pensamento. Contudo, será que essa teoria faz sentido?

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Eike não vendeu na alta…
Evrard cita que o sócio de Eike na abertura de capital não teria perdido dinheiro com o fechamento. Em dezembro de 2010, a empresa passou por uma cisão que deu origem a PortX (PRTX3), fazendo com que o investidor garantisse dois ativos que atualmente operam por volta dos R$ 3,00 – totalizando cerca de R$ 6,00 para o sócio da LLX no IPO (Initial Public Offering), dada a cotação atual.

Além disso, o mercado andou de lado desde o dia de abertura de capital da LLX, 28 de julho de 2008. Na véspera daquela sessão, o índice havia fechado aos 55.519 pontos, praticamente inalterado em relação aos 55.520 pontos do fechamento da última quinta-feira (2). Eike, afinal, não havia vendido LLX na alta. “Na verdade, ele está pagando um prêmio ao acionista, temos de olhar para essa questão de uma maneira menos polêmica”, afirma Evrard.

…mas está comprando na baixa! 
Se o megaempresário não vendeu os ativos na alta, ao menos está fechando o capital em um momento de baixa. “Faz sentido esse tipo de operação, ele deve acreditar que deve ser melhor estar sozinho no negócio”, avalia Evrard. Na visão do analista da Infinity, isso indica que Eike vê potencial no próprio negócio, tanto que está interessado a tirar dinheiro do próprio bolso para conseguir realizar a OPA (Oferta Pública de Aquisição). 

Continua depois da publicidade

De acordo com João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, a LLX é uma empresa que deve se beneficiar substancialmente dos investimentos em infraestrutura que devem ser realizados no Brasil nos próximos anos. “Essa é uma oportunidade de dar um novo rumo para a empresa”, afirma Brugger. Uma empresa de capital fechado, como pretende Eike, precisa dar menos detalhes ao mercado sobre suas atividades, e centralizar mais suas decisões. 

Com isso, o mercado passou a especular que o megaempresário poderia fechar outras empresas do grupo EBX, como a OSX Brasil (OSXB3) e a CCX Carvão (CCXC3). Para os analistas, isso seria bastante improvável. “Acredito que isso seja um caso isolado da LLX, e não deva marcar a tônica das empresas de Eike Batista”, afirma Brugger. O mercado tem comprado parte desses rumores, mas nada de oficial foi dito sobre o fechamento de outra empresa do megaempresário.

Eike precisa recompor imagem
Brugger acredita que isso teria efeitos na imagem de Eike Batista, já desgastada com os atrasos de execução em seus projetos e com as fortes decepções do mercado em relação ao andamento das operações já iniciadas. Enfrentando uma crise de confiança por parte dos investidores, Eike afirmou que “se o mercado não me quer, eu me basto”. 

“A imagem dele não é a mesma de dois ou três anos atrás, e a médio e longo prazo, fechar o capital das empresas seria muito ruim para a imagem do grupo como um todo”, avalia. Organizar as operações da LLX seria uma oportunidade de resgatar um pouco o prestígio perdido nos últimos meses.

Mas por enquanto, há um fluxo negativo de notícias muito forte em relação ao megaempresário – algo que só piorou com a notícia do fechamento de capital. “Tudo isso faz parte do jogo, se a maioria dos acionistas aceitarem, então fecha o capital mesmo”, finaliza Evrard.