Publicidade
SÃO PAULO – De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o governo Michel Temer ligou o sinal de alerta em meio ao distanciamento do presidente do Senado, Renan Calheiros, que tem se posicionado de maneira contrária a algumas medidas tomadas pelo presidente interino.
Ontem, Renan jogou “um balde de água fria” nas intenções do governo de aprovar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que estabelece um teto para os gastos públicos. “Acho que medidas substanciais deveriam ser guardadas para depois da transitoriedade do governo. Medidas que poderão aprofundar o ajuste neste momento não são recomendáveis, porque estamos vivendo uma transitoriedade e talvez seja o caso de aguardarmos o julgamento final (do impeachment de Dilma)”, disse Renan.
Além disso, Renan decidiu incluir na pauta de votação de hoje do Senado o projeto que amplia o Supersimples; a proposta, do jeito que está, pode gerar uma perda estimada de R$ 2,4 bilhões em 2017, bem maior do que a aceita. O governo vai tentar adiar a votação ou alterar o texto. O presidente do Senado também quer que o governo para que assuma a responsabilidade de barrar o reajuste dos servidores. Segundo o jornal, o governo interino quer entender por que Renan mudou de comportamento e se isso representa risco na votação do impeachment.
Continua depois da publicidade
Soma-se a Renan as preocupações do Planalto com o presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), informa o jornal. A aprovação do pedido de cassação do deputado no Conselho de Ética ampliou o clima de cautela no Palácio do Planalto. Interlocutores do presidente em exercício tentam reforçar o discurso de que o tema pertence ao Legislativo e não ao Executivo, mas admitem que há receio do “poder explosivo” do presidente afastado da Câmara. Segundo o jornal, Cunha reagiu ao resultado da votação no Conselho de Ética com murros na mesa e mais ameaças de vingança.
Já de acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, a derrota de Cunha não deve impor, por ora, grandes riscos à pauta legislativa do Planalto. Projetos vitais, como a revisão da meta fiscal, já foram aprovados. Já a proposta que limita o gasto público, espécie de nova Lei de Responsabilidade Fiscal de Temer, demorará um tanto até que esteja pronta para o plenário — a agenda que definirá o sucesso ou o fracasso do governo ainda está longe do raio de contaminação na Câmara, dizem ministros.