Temer cogitou renunciar, mas agora avalia que saiu da turbulência e prepara pacote de bondades

Presidente pretende resistir e alongar seu processo no TSE, apontam jornais - e aposta  que "a economia vai segurar o governo", segundo o Valor

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os aliados já estão lançando nomes para a sucessão, mas o presidente Michel Temer sinaliza: não deixará o cargo tão facilmente e lutará para se manter na presidência.  Conforme destacam Folha e O Globo, aliados do presidente dizem que ele está disposto a usar “todos os recursos jurídicos possíveis” para prolongar o julgamento de cassação da chapa no TSE, uma das apostas para a saída do peemedebista.  

O Globo destacou que o Planalto decidiu mudar a estratégia e tentar prolongar o processo no TSE sobre a chapa Dilma-Temer, marcado para dia 6. O temor é que a delação dos donos da JBS influencie o resultado do julgamento e, embora integrantes do governo adotem uma visão otimista de que ainda haveria votos para a separação da chapa e absolvição do presidente, esses mesmos interlocutores do presidente admitem que esta maioria pode se desfazer até a data do julgamento.  A contagem do próprio governo mostra que três dos sete ministros já estão contra Temer. Assim, bastaria um mudar de lado para que a chapa seja cassada.

A Folha destaca que o governo afirma que não haverá folga no “embate” e aponta que, se o caso se arrastar até outubro, Herman Benjamin, relator do processo, terá que deixar a corte. O Planalto aposta que ele vota contra Temer e já tem em sua substituição uma meta. 

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Já o Valor Econômico aponta que, dias depois da fase mais aguda de turbulência política, Temer acredita que ganhou fôlego e que os sinais de recuperação da economia ajudarão o PMDB a continuar no Palácio do Planalto. Ele chegou a cogitar a renúncia no dia em que a crise eclodiu, mas agora sua expectativa é que o pacote de bondades preparado para a próxima semana dê sobrevida ao governo. De acordo com o jornal, Temer cogitou renunciar na quarta à noite e disse que era alvo de uma indignidade. “Não vou me submeter a um linchamento político”, disse ele a interlocutores próximos. “Eu tenho uma biografia”, ressaltou, mencionando obras de direito constitucional e a quantidade de exemplares vendidos. “Já dei aula para 50 mil alunos, já fui lido por mais de 400 mil pessoas.”

Porém, agora, segundo o Valor, no Planalto a aposta é de que “a economia vai segurar o governo” e, deste modo, foi concebida uma agenda positiva turbinada para os próximos dias, com afagos para a base aliada e os empresários. A pedido de Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, passou os últimos dias num ritmo de esforço concentrado em reuniões para arrematar as negociações.

Neste sentido, em vídeo publicado nas redes sociais, Temer comentou brevemente os protestos realizado em Brasília, em que ele diz que ocorreram “exageros”. Porém, segundo ele, mesmo com tudo que estava acontecendo, o Congresso não parou. O presidente comemorou a aprovação de “um número expressivo” de medidas provisórias e disse que o País não parou em meio à crise causada pela delação do empresário Joesley Batista. No vídeo, Temer afirmou que o país não parou e não vai parar.

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Mesmo com a resistência do peemedebista, as apostas para o pós-Temer continuam: segundo a Folha, aliados testam hipótese de Tasso Jereissati presidente e Nelson Jobim na Justiça; Henrique Meirelles ficaria na Fazenda e Rodrigo Maia poderia ser vice.  Porém, em meio a ainda falta de consenso para um nome para substituí-lo, Temer tenta negociar sobrevida, aponta o jornal em outra reportagem. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.