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O ex-presidente Michel Temer (MDB) voltou às manchetes do noticiário político após declarações do também ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que, caso conseguisse reverter a inelegibilidade para concorrer ao Palácio do Planalto em 2026, poderia escolher Temer para ser vice em sua chapa.
Os rumores sobre uma nova candidatura à vice-presidência da República, no entanto, não se confirmarão. Quem garante é o próprio Temer, que afirma já ter cumprido sua missão na política e descarta participar de eleições novamente.
“Eu saí da vida pública. Já fiz o que tinha de fazer ao longo de 32 anos”, afirmou Temer, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Aquilo é uma brincadeira, só pode ser. Achei esquisitíssimo.”
O emedebista, que governou o Brasil entre 2016 e 2018, após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), antecedeu Bolsonaro no cargo. Temer também foi secretário estadual de Segurança em São Paulo, deputado federal, presidente da Câmara e vice-presidente da República.
Na entrevista, Temer revelou que mantém conversas com Bolsonaro, mas apenas de forma eventual.
“Desde aquele episódio com o Alexandre [de Moraes, em que o ex-presidente intermediou um entendimento entre o ministro do Supremo e o então presidente depois de ataques de Bolsonaro a Moraes], Bolsonaro me pede palpites de vez em quando. Mas nada mais do que isso”, afirmou o ex-presidente.
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Questionado sobre a declaração de Bolsonaro, que disse não descartar a hipótese de ter Michel Temer como vice em 2026, o ex-presidente respondeu: “Se ele [Bolsonaro] disse isso, então ele foi delicado. Se ele falasse que descarta, poderiam achar que sou eu que estou querendo”.
Vitória de Trump e influência no Brasil
Segundo Michel Temer, a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos não deve beneficiar Bolsonaro nos processos aos quais ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF) nem será capaz de reverter sua inelegibilidade, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Eu não acho que isso vá acontecer. Pode, eventualmente, ser usado como argumento, mas não no campo jurisdicional. Se ele se tornar elegível, será por uma eventual disposição do Judiciário”, opina Temer.
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“Efetivamente, para você cuidar dessa questão da inelegibilidade, tem que contar com o Poder Judiciário. Eleito Trump nos EUA, isso vai influenciar o Judiciário daqui? Eu não acredito. Você veja o que o Alexandre fez no caso do Elon Musk [dono do X, antigo Twitter]. Por mais pressões variadas que existissem, a posição dele foi firme”, completou.
Ainda segundo o ex-presidente, a relação entre Brasil e EUA deve se manter “institucional”, apesar das divergências político-ideológicas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“A relação que haverá não será Lula com Trump. É o presidente da República Federativa do Brasil com o presidente dos EUA, uma relação institucional”, diz Temer. “A pergunta que ouço é: isso vai prejudicar a relação com o Brasil? Não prejudica coisa nenhuma. Basta que o governo brasileiro tenha previdência, e o presidente Lula já mandou cumprimentar o Trump. Não se deve alimentar nem um lado nem outro, como aquilo que o Lula disse antes da eleição, que preferia a Kamala [Harris], acho que não vale a pena”, avalia.