SP: operação mira esquema de fraudes em prefeituras que seriam ligadas ao PCC

Foram expedidos 15 mandados de prisão, dos quais 3 contra vereadores da região do Alto Tietê e do litoral paulista. Também são cumpridas 42 ordens de busca e apreensão

Equipe InfoMoney

Dinheiro apreendido em operação do MPSP contra alvos ligados ao crime organizado (Foto: Divulgação)

Publicidade

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) realiza, nesta terça-feira (16), uma operação contra um suposto esquema de fraudes em licitações associado à facção criminosa PCC, a maior do estado.

Foram expedidos 15 mandados de prisão, dos quais 3 contra vereadores da região do Alto Tietê e do litoral paulista. Também são cumpridas 42 ordens de busca e apreensão.

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o esquema atuava para fraudar licitações em 12 cidades paulistas, incluindo a capital e municípios da Grande São Paulo, do interior e da Baixada Santista.

Continua depois da publicidade

Segundo o MP, ao orientar os vencedores das licitações, os contratos atendiam aos interesses da facção criminosa. Entre os crimes que teriam sido praticados pelo grupo, há corrupção de agentes públicos, fraude em documentos e lavagem de dinheiro.

Leia também:

Fim de Linha

Na semana passada, o MPSP deflagrou a Operação Fim de Linha, a partir de investigações que indicam a participação do PCC em empresas de ônibus concessionárias do transporte público na capital paulista. Foram cumpridos 4 mandados de prisão.

Continua depois da publicidade

A prefeitura de São Paulo assumiu a gestão de duas empresas que, segundo os promotores, têm envolvimento com o PCC. A UpBus e a Transwolff transportam cerca de 650 mil passageiros por dia.

A medida foi tomada para evitar a interrupção dos serviços à população. Em 2023 as companhias receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração por contratos com a prefeitura de São Paulo.

Prefeito ameaça romper contratos

Ainda na semana passada, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é pré-candidato à reeleição neste ano, decretou intervenção nas duas empresas alvos da investigação. Para a Transwolff, foi nomeado como interventor Valdemar Gomes de Melo, funcionário que trabalha há mais de 45 anos na SPTrans, empresa que administra os ônibus da capital paulista.

Publicidade

Para a Upbus, foi designado como interventor Wagner Chagas Alves, que trabalha há 40 anos na SPTrans. Os dois interventores vão trabalhar junto com representantes da Controladoria Geral do Município, da Procuradoria Geral do Município e da Secretaria da Fazenda.

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, exibida no domingo (14), Nunes afirmou que romperá os contratos com as empresas caso fique comprovada a ligação delas com o PCC. “Uma vez que for comprovado que existe alguma ligação com o PCC, automaticamente nós vamos romper o contrato”, prometeu o prefeito.

Pelo menos desde a década de 1990, há suspeitas sobre o envolvimento do crime organizado com o serviço de transporte público em São Paulo, por meio do controle de perueiros que atuam clandestinamente.

Continua depois da publicidade

Segundo as investigações, apenas em 2015, o crime organizado teria injetado R$ 54 milhões na Transwolff, em um esquema de lavagem de dinheiro. A companhia tem 1.206 veículos e, entre 2015 e 2023, recebeu mais de R$ 5 bilhões da administração municipal.

O MP também sustenta que a facção criminosa injetou quase R$ 21 milhões na Upbus, para que pudesse participar de licitações. O contrato entre a prefeitura de São Paulo e a empresa teve início em 2018. No ano passado, a Upbus recebeu R$ 391 milhões.

Leia também:

Publicidade

(Com Agência Brasil)