Sob bênção de Lula, Marta volta ao PT para ser vice de Boulos na eleição

Presidente voltou a criticar o seu partido e disse que o PT nasceu da vontade de "dar vez e voz" ao povo e frisou a necessidade de "falar com os outros"

Reuters Equipe InfoMoney

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Sob a bênção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marta Suplicy se filiou novamente ao Partido dos Trabalhadores, na noite desta sexta-feira (2), para ser candidata a vice-prefeita de São Paulo nas eleições municipais deste ano, na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

A volta de Marta ao PT tem as digitais de Lula, que a tirou da Secretaria das Relações Internacionais da gestão Ricardo Nunes (MDB). O prefeito da capital paulista vai disputar a reeleição em outubro e deve ser o principal adversário de Boulos, que já concorreu em 2020 e ficou em segundo lugar, perdendo a eleição para Bruno Covas (PSDB). Nunes era vice-prefeito e, com a morte do prefeito, assumiu o posto.

A disputa na maior cidade do país deve ter contornos nacionais, com Lula tentando polarizar a disputa entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nunes conta com o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é afilhado político de Bolsonaro, e busca o apoio formal do ex-presidente. Para isso, ofereceu até o vaga de candidato a vice-prefeito em sua chapa.

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Ao comentar a eleição municipal que se avizinha, Lula reconheceu que “não é fácil” a vitória na capital paulista, mas “plenamente possível”. O presidente aproveitou a cerimônia para criticar o PT e parte da militância, que em parte era contra a volta de Marta ao partido (a ex-prefeita de São Paulo havia se desfiliado em 2015, em meio à Operação Lava Jato).

Lula fez a ressalva de que falaria o que viria a seguir por já ter idade para isso e por não se importar com eventuais desagrados. Disse também que não adianta pregar para convertidos. “Vocês, companheiros militantes de esquerda, muitas vezes vocês perdem muito tempo olhando o que o governo está fazendo”, afirmou o presidente. “O nosso papel, quando a gente ganha as eleições, não é ficar olhando o defeito do governo. Porque o defeito do governo é o defeito de vocês”.

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“O nosso desafio é saber o seguinte: a gente está indo para a periferia desse país conversar com as pessoas que foram enganadas pelo bolsonarismo? A gente está indo conversar com as pessoas que se deixaram levar pelas fake news todo dia? A gente está indo conversar com a juventude da periferia? A gente está conversando com aquelas pessoas que são pobres e não votam na gente? A gente está conversando com aquelas pessoas que são evangélicas e que acreditam na mentira deslavada de alguns pastores?”, questionou o presidente.

Lula lembrou que o PT nasceu da vontade de “dar vez e voz” ao povo e frisou a necessidade de “falar com os outros”. “Eu tenho que ganhar com quem ainda não participa conosco dessa luta. Pelo amor de Deus, vamos multiplicar os pães. Vamos multiplicar a consciência política, vamos mexer com a inteligência desse povo, para ele não acreditar em mentira.”

Não é a primeira vez que Lula reconhece as dificuldades do PT em conversar com extratos da sociedade. Há pouco menos de dois meses, na Conferência Eleitoral PT 2024, o presidente bateu na mesma tecla. Um dos panos de fundo dessa dificuldade de diálogo é um forte sentimento antipetista, alimentado no passado por acusações de corrupção. Foi nesse contexto, há cerca de 9 anos, que Marta deixou o partido.

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Marta Suplicy
Nos bastidores, a construção de uma chapa Boulos-Marta é vista com grande potencial eleitoral por unir o parlamentar que ficou na segunda posição na última disputa municipal e uma ex-prefeita com boa reputação nas periferias. A costura também coloca o deputado em uma posição mais próxima ao “centro”, o que pode ajudá-lo a quebrar resistências entre eleitores fora do campo da esquerda.

Marta governou a cidade de São Paulo entre 2001 e 2004 e não conseguiu se reeleger, apesar do Bilhete Único, dos corredores de ônibus e dos CEUs. Ela também foi ministra do Turismo nos governos Lula 2 (entre 2007 e 2008) e Dilma 1 (entre 2012 e 2014), mas deixou o PT no auge da Lava Jato para se filiar ao MDB.

O afastamento se consolidou no impeachment de Dilma Rousseff (PT), quando Marta era senadora e votou favoravelmente. Depois disso, apoiou o governo do então presidente Michel Temer (MDB) e concorreu à prefeitura de São Paulo novamente em 2016, desta vez pelo MDB, mas acabou derrotada por João Doria (PSDB).

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Na eleição de 2020, ela endossou a candidatura do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que era vice de Doria e assumiu o cargo quando o tucano renunciou para concorrer ao Palácio dos Bandeiras (e ganhar). Covas derrotou Boulos e nomeou Marta como Secretária de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, mas morreu aos 41 anos, em decorrência de um câncer no sistema digestivo. Foi assim Nunes virou prefeito.

(Com Reuters)

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