“Se me cassarem, levo metade do Senado comigo”, diz Delcídio

No Conselho de Ética do Senado foi aberto um processo contra o parlamentar, após representação feita pela Rede Sustentabilidade e pelo PPS, pedindo sua cassação sob a acusação de quebra de decoro parlamentar

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Depois de 87 dias preso, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) se prepara para voltar às atividades como parlamentar, mas antes pensa em tirar uma licença de até 120 dias para “ter paz para elaborar o discurso”. Conforme informa o jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (22), o ex-líder do governo no Senado está preocupado com a possível cassação de seu mandato, e a perda do chamado “foro privilegiado”, o que faria com que seu caso passasse para o Paraná, onde seria analisado pelo juiz Sergio Moro.

Segundo o jornal, o petista tem até ameaçado colegas pela sua sobrevivência no Legislativo. “Se me cassarem, levo metade do Senado comigo”, teria afirmado a interlocutores quando ainda estava preso. As expectativas são de que o senador faça um intenso trabalho de aproximação de colegas por apoio, alegando ser inocente. No entanto, com tamanha deterioração de imagem e a repercussão que sua prisão teve, poucos devem estar dispostos a assumir o ônus de apoiá-lo, a menos que as condições de troca sejam proporcionalmente proveitosas.

No Conselho de Ética do Senado foi aberto um processo contra o parlamentar, após representação feita pela Rede Sustentabilidade e pelo PPS, pedindo sua cassação sob a acusação de quebra de decoro parlamentar. Para atrasar o processo, a defesa de Delcídio pede a substituição do relator escolhido, Altaídes Oliveira (PSDB-TO), argumentando falta de isenção do tucano.

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Dentro do próprio PT, Delcídio teria perdido muito de sua força. Antes tido como peça fundamental de interlocução, figura respeitada por seu trânsito entre a oposição, o senador já perdeu o posto de presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, uma das mais importantes da casa, para Gleisi Hoffmann (PT-PR), e não deve recuperá-lo. Há, inclusive, quem dê como certa sua expulsão do PT.

Em contrapartida às ameaças apresentadas pela Folha, o jornal O Estado de S. Paulo informou que Delcídio disse que não faria acordo de delação premiada com o Ministério Público. “Vou reescrever minha história sem revanchismo. Quero virar essa página”, teria afirmado o petista, preso em novembro do ano passado por supostas interferências nas investigações pela operação Lava Jato. O morde e assopra indica o terreno arenoso em que a vida política do parlamentar se encontra.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.