Saudação à mandioca, “suicídio” e “habeas corpus”: as frases que agitaram a semana

Dilma e Lula foram os grandes protagonistas desta semana, mas "Levy e o seu sofá" não ficaram para trás, assim como o bilhete de Marcelo Odebrecht; no cenário internacional, tivemos Obama e Piketty

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A semana foi bem agitada e cheia de rumores, principalmente no campo da política. Se Dilma ganhou notoriedade no início da semana ao “saudar a mandioca”, no final da semana quem ganhou ainda mais destaque foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e suas críticas ao PT e, depois, sobre a polêmica do habeas corpus.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também não ficou atrás, e voltou para o nosso ranking das melhores frases da semana com uma fala curiosa sobre porque não mudará a meta do superávit primário. Confira as melhores frases da semana abaixo:

Dilma, a bola, o suicídio e a economia

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“Esta bola é o símbolo da nossa evolução porque nós nos transformamos em homosapiens ou mulheres sapiens”
Dilma Rousseff, presidente da República, em discurso de pouco mais de 20 minutos repleto de frases hilárias e demonstrando bom humor, no lançamento dos primeiros Jogos Mundiais Indígenas

Hoje, estou saudando a mandioca, é uma das maiores conquistas deste país”
Dilma, no mesmo evento, ao afirmar que a mandioca é importante porque nenhuma civilização nasceu sem ter acesso a uma forma básica de alimentação e a mandioca é uma delas

“Eu, de fato, não tenho a menor condição de participar de uma corrida da tora. Mas acho que o prefeito de Palmas tem que participar”
Idem, fazendo uma brincadeira com o prefeito da capital do Tocantins, Carlos Amashta

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“A popularidade é minha e eu faço com ela o que eu quiser”
A mesma Dilma, com menos humor, em declaração destacada pela coluna Radar Online, da Veja, que foi dada em resposta ao líder do governo na Câmara, José Guimarães, semanas atrás

“Vocês acham que eu estava?”
Dilma, ironizando nesta semana o boato de que estava internada por, supostamente, ter tentado suicídio. Sem esperar qualquer resposta, a presidente mandou um beijo para as câmeras presentes e deixou o evento. 

“Todo mundo tem direito de criticar, inclusive Lula”
A presidente, agora, ao falar sobre as críticas de Lula ao falar sobre as críticas de seu mentor ao governo e ao PT

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“Você já viu alguém dizer que um presidente homem coloca o seu dedo em tudo? Eu nunca ouvi isso”
desta vez, em entrevista ao Washington Post, ao dizer que sofre “preconceito sexual” pelo seu jeito de governar

… e as críticas de Lula 

 “O PT perdeu um pouco de utopia. Temos que fazer uma revolução nesse partido. Temos de deixar de pensar em salvar nossa pele e nossos cargos e partirmos para salvar nosso projeto e repensar esse projeto”
Lula, ex-presidente da República, em evento em que defendeu uma revolução no PT

“Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto”
Lula sentenciou em fala a um seleto grupo de padres no seu instituto na quinta-feira da semana passada, criticando duramente a gestão de sua sucessora e atribuindo ao governo dela a crise vivida pelos petistas

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Habeas corpus

“Fomos informados pela imprensa da existência do Habeas Corpus e não sabemos no momento se esse ato foi feito por algum provocador para gerar um factóide”
Instituto Lula, ao negar que o ex-presidente tenha feito o pedido de habeas corpus preventivo tendo como beneficiário Lula. 

“Existe uma ameaça concreta de que o Lula pode ser preso. O Sérgio Moro já atuou no mensalão, caso você não saiba”
Maurício Ramos Thomaz, o verdadeiro autor do pedido de habeas corpus, ao justificar a ação. Antes, ele já havia impetrado 145 habeas corpus para diferentes pessoas. 

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“Cuida-se apenas de aventura jurídica que em nada contribui para o presente momento, talvez prejudicando e expondo o próprio ex-presidente, vez que o remédio constitucional (habeas corpus preventivo) foi proposto à sua revelia”.
João Pedro Gebran Neto, desembargador federal do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região e responsável por julgar processos da Operação Lava Jato, negando o pedido de habeas corpus preventivo por falta de fundamentos.

“A fim de afastar polêmicas desnecessárias, informa-se, por oportuno, que não existe, perante este Juízo, qualquer investigação em curso relativamente a condutas do Exmo. ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva”
Sérgio Moro, juiz Federal que conduz os processos da Lava Jato, ao dizer que não existem sob suas jurisdição investigações relacionadas ao ex-presidente.

O sofá de Levy

“Mudar a meta seria tirar o sofá da sala agora”
Joaquim Levy, ministro da Fazenda, negando rumores de que estaria prestes a reduzir a meta de superávit primário, como aventado pelo mercado

“Talvez estejamos vivendo ressaca que começou no início do ano. A boa notícia é que a ressaca passa, tem que se preparar, o barco não pode bater nas pedras, tem que conduzir, fazer adaptações com equilíbrio nas medidas, mas temos essa confiança no acerto”
o mesmo Levy, mostrando confiança na economia.  

Caso TCU

“O contingenciamento tinha que ter sido feito por ela, conforme a Constituição estabelece, portanto, a responsabilidade – no meu ponto de vista, claro que sou um voto – é dela (Dilma). Quem cabe responder não é o Arno Augustin”,
Augusto Nardes, relator das contas de 2014 do governo Dilma Rousseff no TCU (Tribunal de Contas da União) ao dizer que a responsabilidade pelas irregularidades é da presidente e não do ex-secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin

“Estamos aguardando uma definição do TCU. Não há definição completa e exaustiva sobre o assunto. Essas operações são regidas por uma portaria de 2012 [do TCU] que continua em vigor e permite que certas despesas sejam pagas anos depois. Seria precipitado fazer um movimento unilateral enquanto não houver clareza da situação”
Levy, sobre notícia do jornal Folha de S. Paulo de que a equipe econômica tenha cometido ilegalidade nas contas fiscais em 2015

E a economia?

“Perder o grau de investimento seria um problema sério e atrapalharia, por exemplo, a captação de empresas lá fora. Daí o esforço do governo em colocar as contas públicas em ordem. Mas, se isso fizer o Congresso se mover em um ritmo mais intenso em prol do ajuste, poderá ser até uma boa má notícia”
Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas, destacando que um eventual rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências de classificação de risco poderá ser bom e ruim ao mesmo tempo. 

O presidente Lula é o grande responsável por tudo isso. Ele tem criticado o PT, mas é mais responsável que o PT, porque a Dilma foi escolhida pelo Lula, ele impôs isso ao partido”
Cristovam Buarque (PDT-DF), afirmando que Lula é, no fundo, o responsável pelas más ações que levaram à crise brasileira 

Lula não será apequenado pelos que se movem por interesses menores e pelo ódio. (….) Lula carrega em si a solidariedade, a generosidade e a beleza do povo brasileiro
Bancada do PT, dias antes da declaração de Cristovam, defendendo Lula em manifesto após as críticas do líder ao próprio partido.  

“O País perdeu a previsibilidade com as mudanças nas premissas da política econômica. Voltamos uns 20 anos no tempo. Você acha que alguém vai se arriscar a investir?”
Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz, traçando um cenário bastante negativo para o Brasil em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo 

As bandas da inflação

“Banda de tolerância do Brasil é uma das maiores entre todos os países que adotam metas de inflação; um intervalo menor, portanto, tende a trazer um aparato institucional do País mais em linha com as práticas da maioria das nações”
Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, sobre a redução do teto da meta do Banco Central para a inflação, que vai de 6,5% para 6% a partir de 2017

“Vai nos custar outra recessão econômica e uma crise política”
Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do BC, destacando que a elevação dos juros no Brasil para colocar a inflação na meta, cujo teto será mais baixo a partir de 2017, pode custar caro ao Brasil

O bilhete de Marcelo Odebrecht

 “destruir e-mail sondas”
Bilhete do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que seria enviado a seus advogados e foi apreendido pela Polícia Federal, indicando uma possível ordem para destruir documentos.

Como ele (Marcelo Odebrecht) teria mandado destruir um documento que já estava apreendido desde novembro e que foi um dos objetos da prisão?”
Dora Cavalcanti, advogada do presidente da empreiteira, acusando a Polícia Federal de “tentar tumultuar o processo da Lava Jato para justificar a prisão ilegal” de seu cliente 

“A Odebrecht (…) não tem qualquer intenção de reconhecer a sua responsabilidade pelos fatos, o que seria um passo necessário para afastar o risco da reiteração das práticas criminosas”
Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, em decisão que decretou a prisão preventiva do ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino Alencar 

E no cenário internacional…

“Ouça, você está na minha casa”
Barack Obama, presidente dos EUA, em resposta aos gritos, em espanhol e inglês, de uma pessoa que protestava contra a deportação de imigrantes. “Não é respeitoso (…), você não vai conseguir uma resposta da minha parte me interrompendo assim”, afirmou.  

“Os princípios da União Europeia são a democracia, a solidariedade e o respeito mútuo. Estes princípios não foram baseadas em chantagens e ultimatos, especialmente em tempos cruciais. Ninguém tem o direito de colocar em perigo esses princípios”
Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, afirmando que o governo grego vai lutar pelos princípios da União Europeia. O prazo para o país pagar os credores acaba semana que vem. 

“Durante o boom de commodities, muitos governantes poderiam ignorar este desafio. Agora, não podem mais”
Economist, sobre a virada na América Latina para pior e destacando que a região enfrenta diversos desafios

“Eu acredito no capitalismo, na propriedade privada, no mercado”
Thomas Piketty, economista francês “rockstar” em entrevista ao Financial Times, destacando que a sua visão não é tão heterodoxa como muitos pensam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.