Requião anuncia pré-candidatura em Curitiba e dispara contra o PT: “Desesperança”

Depois de 2 anos no PT, ex-governador do Paraná Roberto Requião se filia ao Mobiliza (antigo PMN) e anuncia intenção de disputar a prefeitura de Curitiba (PR), cidade que já governou no fim dos anos 1980

Fábio Matos

Roberto Requião, ex-senador e ex-governador do Paraná (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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Duas semanas após anunciar sua saída do PT, o ex-senador e ex-governador do Paraná Roberto Requião se filiou ao Mobiliza (antigo PMN) e lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Curitiba (PR) nas eleições de outubro deste ano.

O ato de filiação à legenda aconteceu na sexta-feira (12). A decisão de deixar o PT foi tomada após uma série de desavenças entre Requião e a direção do partido no Paraná – a legenda deve apoiar a candidatura do deputado federal Luciano Ducci (PSB) à prefeitura da capital.

Em entrevista ao Blog do Esmael, Requião disparou críticas ao PT e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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“Eu estava imobilizado dentro do PT. Eu não conseguia conversar, eu não conseguia colocar uma opinião”, afirmou o ex-governador paranaense. “Eu não me arrependo de ter apoiado o Lula contra o liberalismo econômico, mas, para mim, isso não basta. Estou vendo que nós estamos indo para a social-democracia de direita”, completou.

Por meio das redes sociais, Requião já havia criticado o governo Lula dias antes de assinar sua desfiliação do PT.

“Surgiu a tal frente da esperança que, para mim, traz mais desesperança a cada dia. Está difícil entender o que está acontecendo. Mas foi uma fase, temos que evoluir”, afirmou Requião, que prometeu “continuar a crítica pesada e repensar a participação na política”.

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“Quero um governo que transforme o Brasil em favor da população. A tal frente da esperança não nos sinaliza hoje com nada disso. Estamos vendo a regressão”, criticou.

Quem é Roberto Requião

Aos 83 anos, Roberto Requião tem uma longa trajetória na vida pública. Seu primeiro mandato político foi como deputado estadual pelo Paraná, entre 1983 e 1986, no período que marcou o fim da ditadura militar e o início da reabertura democrática do país.

Em 1985, Requião foi eleito prefeito de Curitiba, governando de 1986 a 1989. Em seguida, assumiu o comando da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano do Paraná (1989-1990), durante a gestão do governador Álvaro Dias (então no PMDB).

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Em 1990, Roberto Requião foi eleito governador do Paraná pela primeira vez, administrando o estado até 1994. Sua segunda passagem pelo cargo ocorreu entre 2003 e 2010 (ele foi eleito em 2002 e reeleito em 2006).

Requião ainda tem dois mandatos como senador pelo Paraná: de 1995 a 2003 e de 2011 a 2019.

O ex-governador do estado ficou no PMDB/MDB durante a maior parte de sua trajetória política, entre 1982 e 2021. Em 2022, se filiou ao PT e declarou apoio a Lula nas eleições presidenciais. Em março de 2024, migrou para o Mobiliza.

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O nome de Roberto Requião já foi cogitado para disputas pela Presidência da República algumas vezes. Em 1994, ele disputou a indicação do PMDB com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, mas foi derrotado por ampla margem.

Em 2006, chegou a pensar em disputar a sucessão de Lula, mas o PMDB decidiu não lançar candidatura própria. Naquele ano, então, Requião foi candidato à reeleição como governador do Paraná e conquistou o segundo mandato.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.