PT quer “Carta ao Povo Brasileiro às avessas” de Dilma; fala de ministro eleva mal-estar

Cúpula do partido quer indicar um novo rumo para as eleições municipais, sendo que até ministros do PT avaliam que o governo precisa de outra mensagem; relação entre PT e governo azedou após fala de Jaques Wagner para a Folha

Lara Rizério

(Lula Marques/ Agência PT)

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SÃO PAULO – Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, após a bancada do PT na Câmara enviar propostas para a superação do ajuste fiscal, a cúpula do partido quer que Dilma Rousseff faça uma espécie de “Carta ao Povo Brasileiro” às avessas, em referência ao documento feito pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, que mostrou uma face moderada para acalmar os mercados financeiros e ampliar sua base eleitoral. 

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Porém, agora, a cúpula do partido quer indicar um novo rumo para as eleições municipais, sendo que até ministros do PT avaliam que o governo precisa de outra mensagem. Ela deve transmitir esperança e estimular o setor produtivo. Porém, ressalta o jornal, não está fácil encontrar o melhor tom.

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Os petistas prometem redobrar a atenção para que haja queda de juros e, agora, o presidente do Banco Central Alexandre Tombini virou o alvo das críticas. O  partido prega, ainda, o uso de parte das reservas internacionais, hoje em US$ 370 bilhões, para reaquecer a economia: se a presidente usasse US$ 130 bilhões de reservas, poderia combater a crise com um grande pacote de infraestrutura e investimentos. Porém, o ministro da Fazenda Nelson Barbosa é contrário à ideia, que tem o apoio do ex-presidente Lula.

Ainda no campo das divergências entre o PT e o governo, vale destacar as reações do partido com a entrevista do último domingo do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, para a Folha de S. Paulo, em que ele afirmou que a legenda “se lambuzou” no poder. 

A Folha aponta a opinião do ex-ministro da Justiça Tarso Genro, que considerou a fala de Wagner “como profundamente infeliz e desrespeitosa, porque generaliza e não contextualiza”. “Com a responsabilidade que ele tem, deveria ser menos metafórico e mais politizado nas suas declarações”, reagiu Tarso.

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O jornal aponta que a entrevista do ministro acentuou o mal-estar entre o governo e o partido. Integrantes da direção do PT, deputados e senadores fizeram chegar Planalto sua insatisfação diante da fala do ministro, classificada por eles como “um ataque desnecessário”. O presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, afirmou que o PT sofreu desgaste ao defender o governo de Dilma Rousseff.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.