PSDB pode perder 2 de seus 3 governadores e ficar só com Eduardo Leite

O caso mais notório é o da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), eleita em 2022 e que pode migrar para o PSD, partido comandado pelo ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Gilberto Kassab

Fábio Matos

Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco (Foto: Divulgação)
Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco (Foto: Divulgação)

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Vivendo aquela que é apontada por analistas e integrantes do próprio partido como a maior crise de sua história, o PSDB pode perder, em breve, dois de seus três governadores de estado, que vêm sendo sondados por outras legendas para deixar o ninho tucano. 

O caso mais notório é o da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), eleita em 2022 e que pode migrar para o PSD, partido comandado pelo ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Gilberto Kassab. 

Durante a última campanha eleitoral, no pleito municipal, Raquel Lyra se aproximou do PSD e acabou apoiando uma série de candidatos da legenda em Pernambuco. Além disso, a governadora é crítica da postura de oposição sistemática do PSDB ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que conta com forte apoio do eleitorado pernambucano. 

Raquel pretende se candidatar a um segundo mandato no pleito de 2026, no qual, provavelmente, enfrentará o atual prefeito do Recife (PE), João Campos (PSB), que deve disputar o governo do estado com o apoio de Lula. 

Nas eleições municipais deste ano, os tucanos ficaram com 273 prefeituras, número muito inferior às 887 cidades administradas pelo PSD em todo o país. 

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que “há muita especulação” em torno do partido. Ele classificou Raquel Lyra de “grande quadro” e observou que os tucanos elegeram o maior número de prefeituras em Pernambuco – 32 contra 31 do PSB de João Campos. “Ela [Raquel] nunca mencionou a vontade de deixar o partido”, afirmou Perillo ao jornal. 

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Mato Grosso do Sul

Além da iminente saída de Raquel Lyra, o PSDB pode também perder o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, eleito em 2022. Ele é mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e vem sendo procurado justamente pelo PL para uma possível migração.  

No Mato Grosso do Sul, o PSDB elegeu 44 dos 79 prefeitos em 2024 e tem três deputados federais. O grupo político é liderado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que foi o antecessor de Riedel no cargo. 

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Integrantes do PL sul-matogrossense garantem que haveria um acordo informal alinhavado para que Riedel e grande parte dos prefeitos tucanos no estado desembarcassem do PSDB rumo ao PL, o que seria um duro golpe para a legenda. O governador nega a intenção de deixar a sigla. 

“O ex-governador é o tesoureiro nacional do PSDB, participa de todas as discussões sobre a ampliação da federação que temos com o Cidadania e tem nos ajudado na busca por novas lideranças”, garante Perillo. 

“Será uma enorme surpresa se qualquer um dos nossos governadores, deputados ou prefeitos recém-eleitos deixarem o PSDB”, completa o presidente do PSDB. “Com 10, com 100, com 1.000 ou com milhões, vamos continuar com a convicção forte de que somos um partido com passado, presente e futuro.”

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Candidatura ao Planalto em 2026

A ideia da direção nacional do PSDB é apresentar uma candidatura própria do partido para as eleições presidenciais de 2026. O nome escolhido é o do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), reeleito em 2022.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”