Possível mudança de foco nas discussões do G-20 é alvo de discórdia

Europeus e norte-americanos se desentendem quanto a melhor método de evitar a deterioração econômica vinda com a crise

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – A próxima reunião do G-20, programada para 2 de abril, pode mudar o foco de suas discussões. Com o aprofundamento da crise, as grandes economias do globo têm encontrado divergências na hora de assumir posição no combate ao ambiente adverso.

O propósito inicial era de debater acerca de reformas regulatórias que garantissem a saúde do sistema financeiro mundial agonizante. No entanto, EUA e Grã-Bretanha vêm alardeando a ideia de engrossar os gastos de estímulo à economia para resgatá-la do momento grave e inverter sua trajetória negativa. Os dois países vêm, juntos, apelando às nações industrializadas que destinem 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto) para turbinar a atividade.

Os franceses e alemães já negaram tal pedindo, alegando que já foi gasto o suficiente e que o sistema previdenciário dos países do bloco é mais robusto relativamente ao de outras economias, sendo pouco flexível a desfalques no orçamento. O governo russo, que já pôs em prática seu próprio programa de estímulo em moldes semelhantes ao sugerido por britânicos e norte-americanos, também se manifestou contrário à proposta.

Continua depois da publicidade

Esforços coordenados

Sob pressão, formuladores de políticas das economias centrais têm sido cobrados com respeito a diretrizes de ação para afastamento da deterioração, mas medidas bem delineadas acerca do destino dos ativos podres mantidos pelos bancos ainda devem ser esquivos.

Desde o início da crise, os governos e bancos centrais dos diversos países empreenderam esforços para aliviar a situação, cortando juros e injetando recursos para incentivar a demanda. Todavia, tais empreitadas têm sido pouco coordenadas, o que não potencializa sua eficácia.

Estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional) mostrou que a economia norte-americana é capaz de receber o dobro do impacto positivo vindo do aumento dos gastos governamentais se estes forem articulados aos de outros países.

Continua depois da publicidade

As duas coisas mais importantes

Enquanto europeus discutem com Washington sobre a melhor abordagem ao problema, Japão e China já sinalizam a sua.

Os chineses discursaram de forma condizente aos apelos dos EUA: após aprovação do pacote de US$ 585 bilhões, o premiê da China, Wen Jiabao, afirmou disposição em empreender mais gastos se for preciso para que o país atinja seu crescimento de 8% ao final deste ano.

Por sua vez, o ministro das finanças japonês, Kaoru Iosano, prometeu anunciar mais medidas de estímulo econômico em abril e engrossa o coro feito por EUA e Grã-Bretanha a favor dos incentivos à demanda.

Continua depois da publicidade

Para Iosano, “estabilizar o sistema financeiro” e “sair da presente ameaça de deflação” são as questões imediatas. “Estas duas são as coisas mais importantes”, diz.

G-20

O grupo responde por mais de 80% da economia global e engloba o G7, além de mercados emergentes considerados influentes, como Rússia, Brasil, China e Índia. Sua próxima reunião ocorrerá no dia 2 de abril, em Londres, mas banqueiros centrais e ministros da economia dos países membros se encontrarão neste fim de semana em cidade próxima a Brighton, também na Inglaterra.