Por que, apesar dos pesares, Temer tem que comemorar o “depoimento-bomba” de Marcelo Odebrecht?

Analistas políticos veem baixas chances de ação no TSE ameaçar mandato do presidente

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O depoimento de Marcelo Odebrecht para a Justiça Eleitoral trouxe muitas falas sobre caixa 2 para a campanha presidencial na chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014 e notícias que divergiram sobre se o Planalto estava em alerta ou aliviado com as declarações do ex-presidente da Odebrecht.

Contudo, segundo a MCM Consultores, o depoimento foi favorável ao presidente, principalmente quando ele afirmou não ter tratado diretamente com o atual presidente a respeito dos valores e procedimentos para doação à campanha do PMDB de 2014. 

“Ajudou também porque, segundo a imprensa, Marcelo Odebrecht sempre se referiu aos recursos doados à campanha da chapa Dilma/Temer, oficialmente ou em caixa dois, como dinheiro repassado ao PT. Não mencionou Temer ou o PMDB”.

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A MCM Consultores também destacou que Odebrecht implicou diretamente os ex-ministros Antônio Palocci e Guido Mantega nas tratativas para o financiamento do PT. Além disso, afirmou que a ex-presidente Dilma tinha conhecimento sobre a origem ilícita de parte dos recursos (4/5 segundo a estimativa do empreiteiro) que irrigaram as campanhas dela.

Mesmo assim, os analistas da consultoria apontam que o parecer de Herman Benjamin, relator do processo no TSE,  deverá ser favorável à cassação da ex e do atual presidente da República. “Apesar disso, não consideramos que o TSE seja uma ameaça iminente à integridade do mandato de Michel Temer”, 

A equipe de análise da consultoria destaca que, até meados de maio, dois novos ministros, indicados por Temer, assumirão cadeiras no TSE. Além disso, iniciativas das defesas de Dilma e de Temer (embargos, pedidos de esclarecimentos, apresentação de novas testemunhas) podem postergar por pelo menos alguns meses o desfecho do julgamento da ação no plenário do TSE.

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Já em outubro, vence o mandato do relator Herman Benjamin no TSE, sendo ele substituído e outro relator assumindo o caso. Por fim, a MCM aponta: “é evidente a disposição do presidente do TSE, Gilmar Mendes, em convencer os demais membros do tribunal a levarem em conta, nas palavras dele, a ‘responsabilidade institucional’ da Corte quando julgarem a ação impetrada pelo PSDB contra a chapa Dilma/Temer. Traduzindo para o português e retirando o verniz eufemístico da expressão, significa que Mendes trabalha para que o TSE preserve Temer no Planalto”.

A consultoria de risco político Eurasia destaca ainda que a declaração de Odebrecht não muda perspectiva para a aprovação de reformas importantes no Congresso, dando destaque para a Previdência. De acordo com a equipe de análise, é improvável que as declarações atribuídas a Marcelo Odebrecht mudem perspectiva de sobrevivência política de Temer ou de aprovação da reforma da Previdência, para as quais a consultoria atribui probabilidade de 80% e 70%, respectivamente.

“O episódio, contudo, reforça a expectativa de que a classe política enfrentará um turbulento mês de março, com novos desdobramentos da Lava Jato e protestos de rua. Espera-se ainda que Janot solicite ao STF abertura de 30 inquéritos contra políticos baseados em delação premiada da Odebrecht já na próxima semana
A relativa boa notícia para Temer é que Odebrecht parece ter poupado presidente, confirmando que ele nunca pediu diretamente doações ilícitas para campanha
Por outro lado, é cada vez menos provável que Padilha volte ao governo; se voltar, sua posição estará enfraquecida”. 

(Com Bloomberg) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.