Pesquisa de amanhã indicará se Dilma estreou na Copa ganhando – ou se levou goleada

Presidente brasileira vem atrelando a sua imagem à realização da Copa do Mundo; relativo sucesso da organização e uma maior empatia do público após vaias podem ajudar presidente

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Desde março, as sucessivas quedas na aprovação do governo Dilma Rousseff vinham preocupando a cúpula petista e a base aliada do partido, que chegou até mesmo a cogitar o “Volta Lula”. A aprovação do governo Dilma está um pouco acima do patamar dos 30%, mas em tendência de queda, o que gera temores para aqueles que querem a reeleição de Dilma. Enquanto isso, o mercado comemora as más notícias recebidas pela presidente, uma vez que as suas políticas intervencionistas não são bem recebidas pelos investidores.

E um dos fatores-chave, que poderia minar as chances da presidente conquistar um segundo mandato ou dar fôlego à sua campanha seria a Copa do Mundo sediada no Brasil, conforme apontaram muitos especialistas antes do evento começar. 

O gestor da BBT Asset, Raphael Juan, destacou que, apesar do fato do Brasil ter ganhado ou não a Copa não ter sido tão determinante para quem vencesse as eleições nos últimos pleitos, desta vez, a situação pode ser diferente, já que a Copa é no Brasil e há um grande descontentamento. E o que pode impactar fortemente a reeleição de Dilma é a forma como o evento é conduzido, além dos protestos, problemas estruturais, segurança e falhas na organização.

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Neste sentido, a presidente Dilma pode comemorar, conforme aponta matéria da Reuters da última terça-feira. “A organização da Copa do Mundo no Brasil está longe de ser perfeita, mas vem ocorrendo de forma muito mais tranquila do que muitos esperavam, aumentando as chances para a reeleição da presidente em outubro”, diz o texto.

O jornalista Brian Winter destaca que os preparativos para o torneio foram abalados por atrasos e gastos excessivos em estádios, e por inúmeros projetos de infra-estrutura inacabados, somada à indignação pública sobre potencializada a uma economia fraca, que alimentaram protestos nas ruas e azedaram o humor geral dos brasileiros nos últimos meses.

“Esses problemas não desapareceram de forma mágica quando o Brasil abriu a Copa com uma vitória sobre a Croácia na última quinta-feira. No entanto, os receios de grandes colapsos logísticos em estádios e aeroportos superlotados até agora têm sido infundados”. Dilma amarrou seu destino à Copa, defendendo a realização do evento no País como uma oportunidade de mostrar o progresso econômico do Brasil para o mundo. Por outro lado, um desastre poderia prejudicar significativamente suas chances de reeleição em outubro.

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Há ainda muitas chances para falhas antes da final da Copa no Rio de Janeiro em 13 de julho, mas todos os 12 estádios já foram testados e aparentemente superaram as baixas expectativas de brasileiros e dos cerca de 600 mil torcedores estrangeiros que estão no país.

E o segundo fator positivo para Dilma era até mesmo um dos fatores que, a princípio, poderiam ser negativos para a presidente. As ofensas recebidas pela presidente na abertura da Copa do Mundo, na última quinta-feira na Arena Corinthians, suscitou uma maior empatia para a presidente, que pode se refletir nas próximas pesquisas eleitorais.

próxima pesquisa eleitoral, realizada pelo Ibope e contratada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias), será a primeira a ser realizada após as vaias recebidas pela presidente, o que pode indicar o efeito dos xingamentos na pesquisa eleitoral e vai ser divulgada amanhã de manhã. Em meio a esse cenário, Dilma pode se beneficiar de uma melhor visão da população com relação ao seu governo. 

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Vale ressaltar que diversas personalidades, como o empresário Abilio Diniz e o ministro do STF Supremo Tribunal Federal), mostraram repúdio às manifestações contra Dilma na Arena Corinthians. Abilio classificou-os como uma vergonha e Barbosa, como uma baixaria. Enquanto isso, a oposição não se manifestou contra: Aécio Neves classificou as vaias como o “sentimento dos brasileiros”

A Copa ainda está no começo e muita água ainda pode rolar durante este mês e o próximo, podendo causar ainda mais reviravoltas no cenário desenhado para a disputa presidencial. Por isso a próxima pesquisa é tão importante, pois indicará se a candidatura de Dilma ganhará forças ou se ficará ainda mais enfraquecida – podendo atingir patamares perigosos. 

Ibovespa: dias difíceis pela frente?
Porém, enquanto Dilma pode comemorar amanhã, o Ibovespa pode sofrer, principalmente após o rali registrado pelas estatais e também pelas ações do setor financeiro com a queda de Dilma nas pesquisas. 

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A queda de Dilma Rousseff leva a uma alta das ações uma vez que os investidores estão mostrando que querem uma mudança no governo. O mercado vê negativamente as intervenções do atual governo em alguns setores da economia e que se reflete principalmente nas estatais.

Assim, quanto menor a chance da reeleição de Dilma, mais animado o mercado parece ficar. Com isso, desde quando o Ibovespa atingiu a mínima do ano – em 17 de março – e as pesquisas eleitorais começaram a ganhar destaque, o índice já subiu 20%, enquanto as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram cerca de 60%. As novas pesquisas eleitorais devem decretar o fim do rali? Vale monitorar os próximos levantamentos – e os próximos dias de Copa do Mundo. 

(Com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.