Paradoxo nos EUA: oposição de republicanos dificulta aprovação de ajuda a bancos

Democratas fecham com proposta de US$ 700 bilhões do Governo; alternativa impossibilita aprovação rápida

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SÃO PAULO – Decepção. A palavra pode definir o sentimento de boa parte do mercado, com as notícias de que o pacote de ajuda governamental ao setor financeiro nos Estados Unidos encontra novas dificuldades para ser aprovado pelo Congresso, após notícias de que um acordo estava próximo.

O otimismo vivido pelo mercado na última sessão pode se transformar em pesadelo, caso as negociações para a aprovação do plano de ajuda de US$ 700 bilhões, proposto pelo secretário do Tesouro Henry Paulson, não retomem sua rota de convergência.

O novo foco de resistência aos planos não parte da oposição democrata, cujos líderes tem mostrado grande empenho em chegar a bases consensuais com o governo de George W. Bush, mas sim de membros do partido republicano da Casa dos Representantes – análoga à Câmara dos Deputados no Brasil.

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Tão perto de chegar…

Na última quinta-feira (25), várias declarações de congressistas davam a entender que um acordo estaria muito próximo, existindo reais possibilidades que o projeto fosse submetido a votação no plenário já nesta sexta-feira.

As esperanças repousam sobre a intervenção da própria Casa Branca, bem como do candidato republicano à presidência, John McCain, que tem buscado vincular-se aos esforços para salvar a economia dos Estados Unidos, chegando a cogitar ausentar-se ao primeiro debate com Barack Obama, marcado para esta noite, a fim de concentrar seus esforços no parlamento.

No entanto, a postura inicial do candidato deixa margem para dúvidas sobre sua atuação, uma vez que também esteve entre os maiores críticos iniciais do plano, em função da utilização de recursos públicos.

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Decepção e otimismo

Neste sentido, o representante democrata Barney Frank – um dos parlamentares mais influentes nas negociações – mostrou-se decepcionado, mas ainda assim, confiante. “Eu não acredito que os republicanos da Casa [dos Representantes] continuarão a desafiar George Bush ou que John McCain não tentará ajudar. (…) Existe otimismo”, afirmou.

Líderes do partido republicano da casa baixa do legislativo passaram a impor as barreiras, entre outros motivos, por não acreditarem ser correto conferir poderes especiais e a grande soma de recursos ao secretário Paulson.

Novos termos

Deste modo, apresentaram plano alternativo à compra de US$ 700 bilhões em ativos “podres”, cujos detalhes finais já haviam sido pactuados pelos parlamentares de ambos os partidos no Senado e pelos representantes democratas na casa baixa.

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A nova proposta consiste em que o governo dos EUA passe a assegurar a metade dos ativos relacionados a hipotecas ainda não cobertos, fazendo com que Paulson voltasse ao Capitólio para negociar com os congressistas.