Para NYT, decisão de Maranhão cria tumulto, enquanto Guardian vê caos ainda mais profundo

Imprensa externa destaca que crise política se torna ainda maior com a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A paisagem política do Brasil foi para um caos ainda mais profundo após a decisão de Waldir Maranhão (PP-MA) de anular a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Esta é a avaliação do jornal inglês The Guardian, que voltou a comparar a situação política do Brasil com a série House of Cards, do Netflix. 

O jornal destaca que a questão agora é se a votação no Senado vai para frente (a votação, marcada para quarta, parecia praticamente definida para o afastamento de Dilma, uma vez que precisava da maioria simples para que o processo fosse aceito) – ou se será uma tábua de salvação. O The Guardian destaca a fala do presidente da Comissão do Impeachment no Senado, Raimundo Lira, de que nada mudou após a decisão de Maranhão. Já Dilma, em meio à notícia, deu uma resposta cautelosa. 

O The New York Times foi na mesma linha e disse que a decisão de Maranhão criou ainda mais tumulto no meio da briga pelo poder no maior país da América Latina. O jornal destaca o presidente interino da Câmara como um deputado “obscuro”, que assumiu na semana passada após o STF afastar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) . “Até a surpreendente decisão de Maranhão nesta segunda-feira, poucos esperavam que Dilma fosse sobreviver na votação no Senado nesta semana”. Agora, ressalta o jornal americano, os políticos de oposição estão correndo para contestar a decisão do presidente interino da Câmara. 

Corriere della Sera chamou a situação de “jogo de cena”, mas que “existem dúvidas sobre se essa decisão pode ser tomada de maneira retroativa”. “Segundo grande parte dos analistas, o jogo de cena pode atrasar o acontecimento, mas dificilmente salvará o posto de Dilma Rousseff”, escreveram os italianos.

Já o francês Le Monde tentou explicar a situação e disse que a situação do processo de impeachment “tomou um rumo inesperado”. “Para surpresa geral, Waldir Maranhão, o presidente interino da Câmara dos Deputados brasileira, anulou a sessão que aprovou o processo de impeachment”, continuou.  

O argentino La Nación também chamou a situação de “nova e surpreendente reviravolta na crise política brasileira”. “A notícia tomou Brasília com a mais absoluta surpresa e gerou a maior confusão sobre o futuro de Rousseff”, escreveu.

(Com Agência Brasil) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.