O risco político após os áudios vazados: o que é fato e o que pode ser exagero?

Embora a gravidade das conversas gravadas entre políticos não possa ser subestimada, a percepção de que o próprio impeachment de Dilma poderia ser revertido pode estar exagerada, apontam cientistas políticos

Bloomberg

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(Bloomberg) — O dólar ganhou sustentação acima de R$ 3,50 e a bolsa empacou abaixo dos 50.000 pontos. Além da volatilidade do cenário externo, os operadores do mercado citam a incerteza política agravada pelas gravações envolvendo políticos do PMDB entre os principais motivos do mal humor do mercado. Faz sentido o pessimismo?

Embora a gravidade das conversas gravadas entre políticos não possa ser subestimada, a percepção mais negativa, de que o próprio impeachment de Dilma poderia ser revertido, pode estar exagerada. A consultoria Tendências, por exemplo, não alterou seu cálculo sobre o impeachment, que mostra apenas 20% de chances de Dilma retornar.

“O Congresso não tem um Plano B”, diz Rafael Cortez, cientista político da Tendências. Para ele, com Dilma sem força política para governar, a alternativa ao impeachment seria convocar novas eleições. O problema é que os candidatos mais fortes agora seriam Lula e Marina, que não contam com o apoio da maioria dos parlamentares, diz Cortez.

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Ou seja, não há vontade política para reverter o processo que colocou Temer no poder. O cenário só muda, e “fortemente”, diz Cortez, se o próprio Temer for diretamente citado em alguma gravação ou delação premiada. Isso, contudo, continua apenas um risco, não concretizado.

Mesmo no caso de Renan Calheiros perder a presidência do Senado, uma possibilidade considerada após as gravações, o impeachment continuará com chances maiores de ser aprovado. Cortez relativiza o fato de o sucessor direto de Renan ser um petista, Tião Viana. Ele representa apenas um voto e dificilmente viraria o resultado, ainda que possa dificultar uma aceleração do processo, diz o consultor.

As gravações e delações deixam o cenário incerto, mas isso não deveria surpreender. Afinal, praticamente todos os analistas diziam que a Lava Jato continuaria como fator de risco mesmo após o impeachment. “Da mesma forma que o otimismo do mercado antes do impeachment estava excessivo, agora pode estar havendo um ceticismo exagerado.”

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