O que os (poucos) números divulgados pela Petrobras disseram sobre a companhia

Entre os números apresentados pela companhia, dentre o (único) destaque positivo, conforme ressalta a XP Investimentos, está o fluxo de caixa positivo que saiu de um fluxo de caixa negativo em R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre para um fluxo de caixa positivo em R$ 4,249 bilhões

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou na última sexta-feira (12) que decidiu não divulgar os resultados não-auditados do terceiro trimestre. Por outro lado, divulgou alguns dados operacionais.

A companhia deve divulgar os números no próximo dia 31 de janeiro, com os vencimentos dos primeiros covenants, possibilitando a apresentação das demonstrações contábeis do terceiro trimestre não revisadas até esta data sem risco de declaração de vencimento antecipado da dívida pelos credores, entre outros motivos. 

Dentre eles, a o recebimento pela Petrobras de uma intimação da SEC requerendo documentos relativos a uma investigação sobre a Companhia iniciada pela SEC e a citação da Petrobras, em 9 de dezembro relativa à ação coletiva (class action) movida por Peter Kaltman perante corte nos EUA.

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Entre os números apresentados pela companhia, dentre o (único) destaque positivo, conforme ressalta a XP Investimentos, está o fluxo de caixa positivo que saiu de um fluxo de caixa negativo em R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre para um fluxo de caixa positivo em R$ 4,249 bilhões.

A posição de caixa maior do que o esperado trouxe um pouco de alívio, uma vez que era um dado que “o mercado estava ansioso para conhecer”, de acordo com relatório do Itaú BBA. A recomendação do Itaú BBA segue como “market perform” (em linha com o desempenho do mercado). Porém, afirmam os analistas Paula Kovarsky, Diego Mendes e Pablo Castelo, há risco de redução das estimativas tendo em vista a queda dos preços do petróleo e do novo cenário macroeconômico.

Já o endividamento líquido apresentou novo aumento de R$ 241 bilhões para R$ 261 bilhões, um incremento da ordem de 8,33%, sendo que R$ 28 bilhões vencem até 30 de setembro de 2015. A dívida total é de R$ 331,7 bilhões, sendo R$ 233 bilhões atrelados ao dólar, representando 70,4% do endividamento total da companhia. Já a receita líquida atingiu os R$ 88,4 bilhões no trimestre, uma alta de 7,4% na comparação trimestral, o que foi visto como positivo pela equipe da Guide Investimentos.

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A Petrobras divulgou, entre alguns dados não auditados, que a sua diretoria aprovou recentemente uma série de ações voltadas para a preservação do caixa e informou que estão a antecipação de recebíveis, a redução no ritmo de investimentos em projetos e de custos operacionais.E, com isso, espera assegurar um fluxo de caixa livre positivo em 2015. A companhia tomou como base um preço do petróleo em torno de US$ 70 e uma taxa de câmbio na casa dos R$ 2,60.

“Atualmente a maior preocupação da companhia é na publicação do balanço, pois sem balanço não existe rolagem da dívida nem possível captação via ações. O cenário bastante complicado para a companhia e incerto”, afirmam os analistas da XP. 

Se não apresentar este balanço até 31 de janeiro, dívidas no valor de US$ 7 bilhões vencerão antecipadamente, ressalta a Guide. A empresa corre o risco de ter parte de sua dívida resgatada antecipadamente se não divulgar o seu balanço anual no prazo de 180 dias após o fim de 2014. O volume destas dívidas é de US$ 56,7 bilhões.

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Vale ressaltar que, neste cenário complicado, a pressão sobre a presidente da companhia Graça Foster é cada vez maior, além de outras mudanças na diretoria. “Uma mudança radical na companhia poderia ser negativo para os esforços de gerar caixa, uma vez que deverá em seguida chegar a um novo plano para restaurar a imagem da empresa”, destacam analistas, que não quiseram se identificar.

Outro ponto potencialmente negativo, destacam os analistas, seria nomear um político com nome forte como CEO da empresa, uma vez que o mercado não receberia bem este nome. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.