“O assunto não pode ficar restrito à PEC”, diz Tarcísio sobre crise na segurança

"Estabelecer um grupo de trabalho e formular uma série de propostas que vêm em complemento são coisas que podem nos ajudar", afirmou o governador de São Paulo em reunião no Planalto

Fábio Matos

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo (Foto: Reprodução/YouTube)
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo (Foto: Reprodução/YouTube)

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos que participou da reunião desta quinta-feira (31) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto, para tratar da crise na segurança pública, elogiou a iniciativa do governo federal, mas ponderou que o tema não se esgota em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). 

Antes da fala dos governadores, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentou a chamada PEC da Segurança, que deve ser encaminhada ao Congresso Nacional. 

A ideia do ministro é realizar “mudanças estruturais” na área. Segundo Lewandowski, o modelo estabelecido pela Constituição de 1988 “está absolutamente superado pela dinâmica da criminalidade”. 

Entre as mudanças propostas, estão a ampliação da participação do governo federal, a integração das polícias, o reforço ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e o aumento de responsabilidades da União. 

Lewandowski também propõe a criação de uma nova polícia, comandada pelo governo federal, que tenha mais poderes para fazer o policiamento ostensivo (veja aqui os principais pontos da PEC). 

“O assunto não pode ficar restrito à PEC. Talvez a PEC, por si só, não tenha a capacidade de resolver o problema da segurança pública que tanto nos assola”, alertou Tarcísio – cotado como um dos possíveis candidatos à Presidência da República nas eleições de 2026. 

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“Estabelecer um grupo de trabalho e formular uma série de propostas que vêm em complemento são coisas que podem nos ajudar. Uma coisa que nos preocupa muito é a transposição do ilícito nos negócios lícitos, e isso vai drenando a competitividade”, prosseguiu o governador de São Paulo. 

Infiltração do crime

No pronunciamento, Tarcísio chamou atenção para a infiltração do crime organizado, por exemplo, nos postos de gasolina. 

“Temos um problema sério com o setor dos combustíveis, que é um dos preferidos pelos criminosos para a lavagem de dinheiro”, disse o governador.  

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“Se houvesse uma coordenação melhor daquilo que o Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] produz, com os Gaecos nos estados e com a polícia, a gente poderia agir com mais profundidade. Às vezes, falta o insumo, falta mais acesso às informações que a inteligência produz”, completou Tarcísio. 

Fronteiras

O governador paulista também destacou a necessidade de controlar melhor as fronteiras. 

“Talvez esteja na hora de a gente pensar em um sistema nacional de controle de fronteiras. Alguns estados já construíram soluções locais que têm sido efetivas, como batalhões de fronteiras”, mencionou. 

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”