NYT elogia Brasil, governo Dilma e ressalta: “País pode ter a resposta para os EUA”

Em meio a tantas críticas feitas ao País pela mídia internacional, colunista do jornal norte-americano destaca ascensão da classe média e redução da pobreza e vê que EUA podem aprender com experiência brasileira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio a tantas críticas à economia brasileira pela imprensa internacional e, principalmente, para o governo de Dilma Rousseff, um elogio feito pelos “gringos” é até mesmo surpreendente. E, em coluna de Joe Nocera da última segunda-feira (20), foi o jornal norte-americano New York Times que apontou: uma visão tão nebulosa para o Brasil talvez se esconda a resposta para os problemas dos EUA, que pode aprender muito com os brasileiros.

E Nocera avalia diversos pontos ao relatar uma visita recente ao Brasil, comparando Rio de Janeiro com Xangai, com bairros que contam com diversas opções de compra e também muitas favelas. Mas o que chamou a atenção foi o cenário de efervescência da nova classe média, com engarrafamentos e carros por toda parte, revelando a ascensão de uma nova classe com bom potencial de consumo. “O que eu vi não era uma ilusão”, diz Nocera, ressaltando que o Brasil viu uma queda da desigualdade de renda, que o desemprego está perto de seus níveis mais baixos da história e que cerca de 40 milhões de pessoas saíram da pobreza na última década. Enquanto isso, mesmo com o PIB (Produto Interno Bruto) a passos lentos, a renda per capital continuou a crescer.

Contudo, os economistas com quem Nocera conversou se mostraram bastante pessimistas quanto às perspectivas do Brasil em meio à desaceleração do PIB e que, apesar dos enormes ganhos econômicos desde o início do século, os ganhos de produtividade são baixíssimos. Além disso, a principal razão para a taxa de desemprego ser tão baixa é a enorme ineficiência da economia e que a atividade está sendo puxada pelo consumo e não pelo investimento. “Eu tenho a sensação de que muitos economistas acreditam que o Brasil tem tido sorte e que ela está se esgotando”, afirma o colunista, lembrando a edição da revista Economist que fala sobre “o declínio” do País.

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“Ao ouvir os economistas, no entanto, eu não poderia deixar de pensar sobre a nossa própria economia [dos EUA]”, avalia Nocera ao lembrar que os EUA, apesar do crescimento de 4% do PIB no terceiro trimestre de 2013 e os ganhos de produtividade, não veem o desemprego ir para baixo de 7%, enquanto a desigualdade de renda só aumenta. “Enquanto isso, os políticos criticam esse fato, mas parecem incapazes de fazer qualquer coisa sobre isso. O que me fez pensar: quem realmente está com um melhor desempenho econômico?”

E faz comentários elogiosos à presidente Dilma: “Em outras palavras , o governo de esquerda do Brasil não gasta muito tempo se preocupando com o crescimento por si só, mas sim o une ao alívio da pobreza e ao crescimento da classe média, eleva o salário mínimo e controla o preço da gasolina, ajudando a tornar a condução acessível”, afirma o colunista. Além disso, aponta Nocera, o Brasil tem o Bolsa-Família, que está sendo eficaz na redução da pobreza, enquanto nos EUA o Congresso se recusa a estender os benefícios do auxílio-desemprego e vários programas assistenciais foram reduzidos. Desta forma, Nocera afirma que os EUA veem o crescimento mais como um fim do que um meio.

Por outro lado, o colunista ressalta que o Brasil poderia fazer mais em algumas questões como investimentos e empreendedorismo. Mas, mesmo assim, ele faz a pergunta seguindo o exemplo do País e que não é questionada o suficiente nos EUA: “o que significa o crescimento econômico se ninguém tem emprego?”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.