Nos 30 anos da AGU, ministro ressalta combate a fake news e defende Procuradoria de Defesa da Democracia

Jorge Messias diz que atos golpistas foram "consequência direta" da difusão de discursos de ódio e mentiras nas redes e diz que pasta não ficará omissa

Marcos Mortari

O ministro da Advocacia Geral da Uniāo (AGU), Jorge Rodrigo Araújo Messias, durante abertura da cerimonia de comemoração dos 30 anos da Advocacia Geral da Uniāo. (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil).

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O ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Jorge Messias, afirmou, nesta terça-feira (7), que a criação da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD) colocará a instituição nas trincheiras do combate à desinformação e seus riscos ao Estado Democrático de Direito.

Em discurso proferido durante evento de 30 anos da AGU, Messias disse que os atos golpistas de 8 de janeiro, que culminaram na invasão e no ataque às sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram “consequência direta dos discursos de ódio e das mentiras deliberadas divulgadas por diferentes canais de comunicação, em especial as redes sociais”.

“A AGU decidiu fazer a sua parte, no limite de suas competências, e se juntar às demais instituições no combate às mentiras deliberadas que pretendem levar à ruína os alicerces que sustentam o Estado Democrático de Direito”, afirmou.

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“Se havia dúvida sobre a relevância da criação de uma unidade como a PNDD, ela foi, em grande medida, afastada com os atos criminosos ocorridos no último dia 8 de janeiro”, prosseguiu.

A ideia de criação da PNDD foi anunciada por Messias logo no início de sua gestão, mas até o momento não saiu do papel e tem enfrentado forte resistência política. Há preocupações sobre o escopo de atuação do órgão e os riscos de o alegado combate à desinformação resultar em episódios de censura.

“A barbárie protagonizada nessa fatídica data, com a destruição dos prédios-sede dos Poderes da República e de objetos de valor histórico inestimável, mostrou o quanto é necessário que o Estado possua uma estrutura que dê respostas e cobre responsabilidades pelas violações de bens jurídicos e de alto valor social”, enfatizou o chefe da pasta.

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Durante sua fala, Messias destacou as ações tomadas pela AGU desde o episódio que completará dois meses amanhã. Além dos pedidos feitos ao Poder Judiciário no próprio dia do ato, com o objetivo de interromper os ataques e assegurar a produção de provas contra envolvidos, a pasta propôs cinco ações.

Quatro delas foram movidas em desfavor de pessoas e empresas identificadas com o fretamento de ônibus para a realização dos atos ou que foram presas participando dos ataques ao patrimônio público.

Juntando as ações, o pedido de ressarcimento aos cofres públicos chega a R$ 20,7 milhões, com base em valores levantados por Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.

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Em outro flanco, a AGU pede R$ 100 milhões aos envolvidos por danos morais, tendo em vista a afronta a “valores caros ao Estado Democrático de Direito” provocada no caso concreto.

No discurso de aniversário da AGU, Messias também ressaltou outras iniciativas da pasta, como a criação da Procuradoria do Clima e do Meio Ambiente e da Assessoria Especial da Diversidade e Inclusão.

“Queremos ajudar o país a retomar sua agenda ambiental, duramente negligenciada em tempos recentes, promovendo desenvolvimento econômico sustentável com responsabilidade social”, disse em recado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Na área econômica, ele destacou os trabalhos para formulação do Conselho de Acompanhamento e Monitoramento de Riscos Fiscais, colegiado que terá como missão aprimorar a governança na análise de ações judiciais com impacto aos cofres públicos.

O chefe da AGU também sinalizou um fortalecimento do órgão, com a contratação de 300 novos membros aprovados em concurso público, sem especificar quando isso ocorrerá.

“O moderno desempenho das atividades da AGU dela demandará mais eficiência e proatividade, para acelerar a conquista de resultados em favor da União e, ao mesmo tempo, assegurar segurança jurídica às ações do governo federal e ao ambiente de investimentos no nosso país, seja por meio de convencimento dos ministros do Supremo Tribunal Federal, seja por meio de conciliação”, disse.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.