No Facebook, Joaquim Levy indica corte de gastos e responde se é um “Chicago Boy”

Novo ministro da Fazenda responde às perguntas da população no Facebook, destacando que deve controlar os gastos para segurar a inflação e acrescentando que as medidas adotadas para estimular o crescimento econômico podem gerar alterações em alguns preços

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, respondeu as perguntas da população no Facebook. Para participar, os internautas acessaram a página do Facebook Portal BrasilE Levy deu as indicações sobre o novo governo, destacando que deve controlar os gastos para segurar a inflação, acrescentando que as medidas adotadas para estimular o crescimento econômico podem gerar alterações em alguns preços.

“Para a economia voltar a crescer, temos que fazer algumas arrumações e isso pode mexer em alguns preços”, afirmou ele. “Ela é importante para acomodar a economia em um novo caminho de crescimento”, acrescentou. Participando de sessão de perguntas e respostas numa página do governo no Facebook, Levy ressaltou que a inflação de janeiro deve ser “mais alta do que em alguns meses do ano passado”.

Além disso, Joaquim Levy respondeu a uma pergunta se ele seria um “Chicago boy”, referindo-se a Universidade de Chicago, um dos maiores redutos liberais e por onde ele é Phd. 

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“Tua pergunta [do internauta Marconi] é divertida, apesar de provavelmente a maior parte das pessoas não saberem o que isso quer dizer… Isso é uma história da década de 70, quando alguns economistas da Universidade de Chicago, que é uma das melhores do mundo, fizeram algumas reformas. Algumas dessas reformas deram muito certo, outras nem tanto. Agora, deixa eu dizer que, nem o pensamento dessa escola é tão único assim, nem tem algo de especial em algumas medidas darem mais certo ou não.

E muita coisa mudou desde aquela época. Mas essa Universidade tinha um professor que dizia uma frase que ficou muito conhecida, e que a gente sabe que tem seu grão de verdade: ‘Ninguém come realmente de graça’. A gente sabe que quando alguém passeia ou faz alguma coisa sem pagar, outra pessoa está pagando. Então, essa frase é importante para quem está no governo. Tudo que o governo ‘dá’, é pago pelo contribuinte. Então, a gente tem que ter muito cuidado em como usa o dinheiro, para garantir que as as pessoas certas, às quais a lei dá o direito, serem as que receberão os benefícios que precisam. Enfim, boas ideias em economia vêm de vários lugares, e a gente tem que estar sempre atento para analisar e adotar as melhores”.

Ajustes
Ao ser perguntado sobre os números alarmantes divulgados sobre o aumento de desemprego no Brasil e a expectativa para os próximos quatro anos, Levy afirmou que há “vários ingredientes” e começam com as contas do governo estarem arrumadas. “Além disso, a gente tem que estimular a concorrência. A concorrência é importante porque quanto mais firmas estão disputando um mercado, você tem mais opções na hora de comprar e as firmas tem que ser mais eficientes, mais capazes. Aí, você vai poder comprar mais barato. Daí que toda a economia fica mais eficiente, mais competitiva e dá para, inclusive, conquistar mercados lá fora. Esse Brasil batalhador é o que a gente pode esperar para crescer e ter mais emprego de qualidade”, afirmou.

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Ao ser perguntado sobre se a inflação continuará alta, ele destacou que a inflação de 2014 ficou dentro do combinado. A inflação do IPCA em 2014 foi de 6,41%, abaixo do máximo de 6,5%, que é o teto mas que, em janeiro, a inflação deve ser um pouco mais alta do que em alguns meses do ano passado.

Em parte, é porque, janeiro e fevereiro são meses em que, todo ano, tem mais reajustes, como de escola, IPTU, ônibus, etc. “Além disso, para a economia voltar a crescer, temos que fazer algumas arrumações e isso pode mexer em alguns preços. Os economistas chamam isso de mudança nos preços relativos e ela é importante para acomodar a economia em um novo caminho de crescimento. Mas o mais importante é que o Banco Central, que é o guardião do valor do teu dinheiro, está atento e vai continuar cuidando para que a inflação esteja no caminho de não só ficar abaixo do teto, como expliquei acima, até o final de 2015, mas também para ela voltar para o objetivo de não passar de 4,5% em 2016. Esse valor de 4,5% é a chamada meta da inflação, que é muito importante para as pessoas terem confiança e a economia crescer. E, deixa eu dizer também que para a gente segurar a inflação é preciso que o governo não gaste demais. Se a gente fizer isso agora, vamos poder ter a inflação caindo no ano que vem”.

Perguntado sobre a meta para a economia do governo neste ano com as mudanças nas regras dos benefícios e de onde serão tirados novos cortes. Levy afirmou que o governo já tem tomado várias medidas para que se gaste menos e reequilibre a economia. “Evitar algumas distorções, que acabam fazendo você pagar por despesas com alguém, por exemplo, que começa a receber pensão de viúvo ou viúva aos 25 anos de idade, e vai continuar recebendo esse dinheiro do governo, talvez por mais de 50 anos, é muito importante. Não faz sentido esse desperdício com o dinheiro do povo. Além disso, o governo diminuiu o volume de empréstimos com juros baratos para algumas empresas. Empréstimo barato também é pago pelo contribuinte e tem que ser dado só em situações muito especiais”

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Levy também afirmou que o governo também mostrou, ontem, que está cortando nas suas próprias despesas. “Aquelas despesas que se chamam de ‘custeio’, que é para pagar principalmente a máquina do governo. Usando tuas palavras, o corte nessas despesas, que foi de 1/3, é essencial nesse momento. O objetivo é limitar esse tipo de despesa para, com essa economia, ter dinheiro para pagar a Previdência Social e os benefícios certos, que o governo tem obrigação de pagar, e sempre em dia”, afirmou.

Sobre as medidas de contenção de gastos e se podem atingir aposentadorias por invalidez, ele afirmou que é muito importante que as pessoas tenham este seguro da aposentadoria de invalidez e que isso não será mexido. “O valor da aposentadoria continuará sendo corrigido pela inflação, de maneira que ela vai ficar protegida por todo o tempo que teu pai a receber. As medidas de contenção acontecerão em outras áreas, exatamente para que o trabalhador e a sua família tenham tranquilidade”, afirmou.

Ao ser perguntado se as viagens internacionais ficarão mais caras daqui para frente, Levy afirmou que o preço de viagens internacionais depende do câmbio. “O valor das moedas estrangeiras, o câmbio, tem flutuado bastante. O dólar está mais forte em relação à maioria das moedas, inclusive o Euro e moedas da Ásia”, afirmou.

Quando perguntado sobre porque o que o cidadão comum pode fazer para ajudar nesse momento de ajuste, Levy afirmou que cada cidadão ajuda o país trabalhando, fazendo tudo com o máximo de qualidade. “Só o trabalho pode criar riqueza”, afirmou. “Além disso é muito importante que a gente fortaleça a conviccção de que o governo não pode gastar mais do que arrecada. Que se as despesas crescerem e a gente se endividar, ou ficar aumentando imposto, vai ser mais difícil a economia melhorar. Se você conversar isso com seu colega de trabalho, em alguma hora, também com seus amigos, isso vai ajudar a gente a fazer as mudanças juntos”, afirmou o ministro.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.