Na abertura do Conselhão, Lula reclama que não se pode falar sobre juros

Presidente se posiciona mais uma vez de maneira contrária ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

Luís Filipe Pereira

Brasília (DF) 20/03/2023 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante solenidade que anunciou a retomada do programa Mais Médicos para o Brasil.

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Em mais um episódio na queda de braço entre governo federal e Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou mais uma vez o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, após o Comitê de Política Monetária (Copom) optar por manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%.

Desta vez, a fala do Chefe do Executivo ocorreu na reunião de abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão. Nos últimos meses, o governo tem batido na tecla de que a retomada dos investimentos no país dependem da redução dos juros, que atualmente estão no patamar mais alto desde 2017. Lula também tem questionado publicamente a legislação que concede autonomia à autoridade monetária.

“Esse conselho pode até discutir taxa de juros, se quiser. É muito engraçado. Todo mundo aqui pode falar de tudo. Só não pode falar de juros. A Fiesp precisa ter muito cuidado para falar de juros, a Federação do Comércio, muito cuidado, as indústrias têxteis, muito cuidado. Ninguém pode falar de juros, como se um homem sozinho pudesse saber mais do que a cabeça de 215 milhões de pessoas”.

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Aberto nesta quinta-feira em reunião no Itamaraty, o Conselhão reúne mais de 200 representantes de diversas áreas da sociedade, como a empresária Luiza Trajano e o padre Julio Lancelloti. O grupo é descrito pelo governo como um espaço de diálogo para construção de propostas em conjunto, e também pela análise de políticas públicas com foco no desenvolvimento sustentável.