Moro revela conversas em que Bolsonaro pressiona por troca de diretor da PF devido a investigações de deputados “bolsonaristas”

Outro diálogo com a deputada Carla Zambelli faz referência à proposta de aceitar a exoneração de Maurício Valeixo em troca de indicação ao STF

Equipe InfoMoney

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro revelou ao Jornal Nacional prints de duas conversas feitas via WhatsApp. Uma delas com o presidente Jair Bolsonaro, outra com a deputada Carla Zambelli (PSL).

Na conversa com Bolsonaro, o presidente compartilha uma notícia do site O Antagonista no último dia 22 de abril, com o título “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas“.

A notícia diz respeito ao inquérito que investiga a participação de congressistas nas manifestações que apoiaram o fechamento do STF e do Congresso. O presidente comenta logo a seguir: “Mais um motivo para a troca”.

Na resposta, Moro explica que o inquérito em questão é conduzido pelo ministro do STF Alexandre de  Moraes, não pela Polícia Federal dirigida por Maurício Valeixo.

(Reprodução)

Na outra conversa revelada, a deputada Carla Zambelli (PSL) faz referência à proposta para Moro aceitar a exoneração de Valeixo em troca de uma indicação ao STF – fato citado tanto pelo ex-ministro como pelo presidente, mas com versões diferentes.

Zambelli escreve: “Por favor, ministro, aceite o Ramage. E vá em setembro pro STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer JB prometer”, numa referência a Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin. Moro responde “Prezada, não estou à venda”.

Conversa de Moro com Carla Zambeli
(Reprodução)

“Ramage”, na mensagem, é Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que seria o favorito do presidente para assumir o comando da PF. O delegado é quem chefiou a equipe responsável pelo então candidato Bolsonaro em 2018.

Segundo o JN, o diálogo com Bolsonaro foi revelado por Moro após a emissora pedir provas sobre as declarações ditas na coletiva das 11h da manhã, quando o ex-ministro acusou o presidente de querer interferir politicamente na Polícia Federal.

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Já o diálogo com Zambelli seria a prova de que ele não havia condicionado a troca no comando da PF à sua indicação para o Supremo Tribunal Federal.

Em uma live no Facebookm a deputada, que teve Moro como padrinho de casamento, disse que o ex-ministro foi “extremamente maligno” ao divulgar a conversa. “Eu não sou ninguém para prometer uma vaga no STF. O que eu quis dizer é que eu posso ajudar. Tentar falar com o Bolsonaro”.

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