Michel Temer está preparado para assumir a presidência, diz Eliseu Padilha

Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, braço-direito do vice-presidente vê "efeito manada" dos partidos da base aliada e maior possibilidade de o impeachment ser aprovado pelo plenário da Câmara

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Há um “efeito manada” dentro da base aliada do governo que pode decidir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na avaliação do ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha — um dos grandes apoiadores do vice-presidente Michel Temer –, o cenário ainda é prematuro e incerto para se falar em números, mas as chances de o afastamento da petista se confirmar são cada vez maiores. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Padilha diz o peemedebista está preparado para assumir o comando do País caso seja requisitado.

Confira os melhores momentos da entrevista:

InfoMoney – Como se dará a defesa a supostas acusações de conspiração por parte do vice-presidente?
Eliseu Padilha – Nós não brigamos com fatos. Não temos absolutamente nada a responder. Os fatos de ontem falam por si. Foi dado conhecimento à nação de um documento que estava sendo preparado para o futuro; vazou por razões que nós não conhecemos, mas deu a todos os brasileiros ciência do que pensa o vice-presidente Michel Temer. Nós temos convicção do que foi feito e de que todo o povo brasileiro compreendeu perfeitamente. Inúmeras são as manifestações que estamos recebendo de todas as partes do território nacional, cumprimentando pelas ideias que ele esboçou quanto ao momento político que estamos vivendo.

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IM – Do lado da economia, existe grande expectativa sobre reforma da previdência e outras medidas estruturais, linha que consta nos discursos do presidente…
EP –Ele não falou objetivamente sobre isso. O limite é o que está ali. Cada um interprete como quiser, mas ele não especificou. 

IM – Haveria alguma proposta para a economia já em discussão?
EP – Não se pensa em proposta enquanto se está vivendo processo de impeachment. Nesse momento, qualquer avanço [nesse sentido], é impróprio. É óbvio que ele tem que ter ideias do que, se for o caso, virá a fazer.

O processo de impeachment passou na comissão ontem, há uma forte tendência de efeito manada de todos os partidos, com exceção naturalmente de PT e PCdoB. A maioria dos partidos da base está vindo na direção [do impeachment]. Há uma grande possibilidade de o impeachment ser aprovado. Agora, falar sobre governo, seria uma irresponsabilidade da nossa parte.

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O que disse o vice-presidente Michel ontem se aplica tanto no caso de o impeachment não ser aprovado quanto ser aprovado. É preciso fazer um governo de unidade nacional, juntar todas as forças políticas do Brasil, manter os programas sociais, sem dúvida nenhuma. Isso vale tanto para a presidente quanto para ele. Agora, avançar a partir daí seria irresponsabilidade, inoportuno, interesseiro.

IM – Temer também fala sobre conciliação trabalhador-empresário e sacrifícios. É possível tratar dessas questões simultaneamente?
EP – Acho que se faz necessário. Tem que se fazer uma concertação. O rumo que estamos andando não está dando certo. Isso vale para ambos.

IM – Tem circulado um cálculo atribuído a Moreira Franco apontando para 336 votos a favor do impeachment. O senhor confirma esse mapa?
EP – Cuido oficialmente de números há mais de 20 anos no PMDB e no Congresso Nacional. Houve uma reunião do grupo que cuida do impeachment na Câmara, e eles tinham um número maior: 340 [deputados]. Eu não fixo número nenhum ainda, porque, a essa distância, tem muita coisa para acontecer.

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Está programada para amanhã uma reunião no PMDB e outra no PDT. No PMDB, todos os cálculos ainda mantêm cerca de 15/16 deputados na base com dúvida ou que teriam compromisso com o governo, mas, se eles decidirem na reunião da bancada por voto unitário, já pode haver mudança. Se o PDT liberar bancada, também haverá mudança no número.

Tem muito “se” para falar em números. Penso que está havendo um efeito-manada desde a semana passada. Vamos rememorar: 1) fechamento da bancada ruralista; 2) fechamento da bancada evangélica; 3) fechamento do PP; 4) fechamento do PSDB; 5) fechamento do PSB. A votação de ontem confirmou isso em grande parte e a tendência é aumentar essa diferença, mas vamos esperar. Com uma questão tão importante e com tanto empenho do governo, sempre é possível que tenhamos algum tipo de modificação, seja para mais, ou para menos. Então, vamos esperar um pouco.

IM – Michel Temer está pronto para assumir a presidência?
EP – Michel foi deputado federal por várias legislaturas, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, Secretário de Estado duas vezes em São Paulo, e é presidente do PMDB. É um homem de vasta experiência política, e que tem experiência administrativa também.

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Se for o caso em 2018 ou agora se vier a ser chamado, não tenho dúvida que está preparado e é um homem de muito amplo diálogo. Se necessário, vai buscar experts para as áreas onde o País, neste momento, está necessitando de atenção maior.

A condição do vice independe de qualquer julgamento, porque é definida na Constituição. O vice é o substituto do presidente no seu impedimento.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.