Mercado deve realmente se animar com a hipótese de Tombini na Fazenda?

Para analista, o mercado até aceitaria mas não seria a situação ideia já que a Fazenda continuaria a fazer sua política econômica heterodoxa

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado ganhou força na tarde desta terça-feira (18) em meio ao rumor de que Dilma Rousseff estaria examinando o nome de Alexandre Tombini no ministério da Fazenda, enquanto Henrique Meirelles iria para o Banco Central, conforme divulgado na coluna da jornalista Tereza Cruvinel. Apesar da reação do Ibovespa hoje, que fechou em alta de 1,57% depois de ter caído 0,37% na mínima desta sessão, os investidores deveriam se animar com a notícia?

“Como está demorando muito a escolha do ministro, o mercado até aceitaria Tombini, mas não seria a situação ideal, porque a Fazenda continuaria a fazer sua política econômica heterodoxa, ou seja, superávit fiscal mínimo, desonerações para setores ‘amigos’, intervenção no câmbio e salário mínimo crescendo acima da inflação”, disse o analista de investimentos Flavio Conde. 

Para ele, embora Meirelles fosse o nome favorito do mercado (para a Fazenda, não para o BC como vem sendo especulado agora), Tombini deve trazer “mais do mesmo”. Segundo ele, o mercado poderia até subir 1% no dia caso a notícia fosse confirmada – por conta da definição e do alívio de não ser algum auxílio próximo -, mas não se pode esquecer que, entre janeiro e fevereiro de 2013, quando o mercado pedia pela elevação da taxa Selic em 0,5 ponto percentual porque a inflação estava subindo, o atual presidente do Banco Central deixou para subir o juro apenas na reunião do dia 17 de abril daquele ano e somente em 0,25 p.p.. Uma desconfiança do mercado com Tombini que deve persistir caso seja nomeado, aponta.

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Conde acredita que essa hipótese levantada agora por Cruvinel seja a mais provável do que crer na expectativa de que Meirelles assumirá a Fazenda – chance de 20%. Segundo a publicação, ainda não houve batida de martelo, mas um sinal de que Dilma pensa em Tombini foi o convite para que ele integrasse a comitiva brasileira para o G-20, que ocorreu na semana passada, na Austrália. “Tão longa a viagem deve ter permitido uma boa conversa”, diz a reportagem.