Marielle foi assassinada por combater milícias e grilagem de terras no RJ, diz PF

Diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, concederam entrevista coletiva após prisão dos homens apontados como mandantes do crime

Equipe InfoMoney

Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Publicidade

A vereadora Marielle Franco foi assassinada em março de 2018 por vários motivos, mas a principal razão foi seu enfrentamento à atuação de milícias no Rio de Janeiro, disse o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, durante entrevista coletiva concedida neste domingo (24), em Brasília.

“São várias situações que envolvem a vereadora Marielle Franco e que levaram esse grupo de oposição [a cometer o crime]. Envolve a questão ligada a milícias, à disputa de territórios, de regularização de loteamentos e empreendimentos, que culminou nesse bárbaro assassinato”, falou Rodrigues.

O chefe da PF admitiu que ainda não leu todas as 479 páginas do relatório de investigação, mas afirmou que a atuação da vereadora contra o crime organizado, especialmente grileiros, foi a base da motivação dos mandantes.

Continua depois da publicidade

A disputa foi destacada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao determinar a prisão dos mandantes e a aplicação de medidas cautelares contra pessoas apontadas como intermediárias do crime. “A vereadora Marielle Franco se opunha a esse grupo que, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras para usá-las com fins comerciais, enquanto que o grupo da vereadora queria utilizar essas terras para fins sociais, de moradia popular”, disse o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após ler um trecho da decisão.

A Polícia Federal prendeu preventivamente neste domingo (24) o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), seu irmão, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio; e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Eles são apontados como mandantes dos assassinatos de Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. O atentado completou seis anos no último dia 14.

“Já antes do crime havia uma relação indevida [do delegado Rivaldo Barbosa] para desviar o foco da investigação dos verdadeiros mandantes do crime”, disse o chefe da PF, Andrei Rodrigues.