Mais 4 anos de Obama: quais os desafios no 2º mandato do presidente dos EUA?

Em discurso, Obama ressaltou a superação para problemas econômicos, mas desafios vão além do teto da dívida e do aumento de impostos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – No último domingo (20), Barack Hussein Obama realizou o juramento para assumir o seu segundo mandato como presidente dos EUA. Mesmo tendo sido reeleito, o primeiro mandato não foi dos mais aceitos: entre os doze presidentes que o país teve após a segunda guerra mundial, Obama ficou no 10º lugar em aprovação da população, com 49,1% de apoio. O que saiu errado no primeiro mandato de Obama e qual será o legado que ele poderá deixar para seu sucessor?

Um dos grandes desafios será enfrentar o que os americanos chamam de “a maldição do segundo mandato”. Entre os mais recentes presidentes do país, todos foram reeleitos, com exceção de George H. W. Bush – pai de George W. Bush -, e todos sofreram com escândalos e problemas após os primeiros quatro anos de governo.

Citando apenas os dois presidentes anteriores a Obama, Bill Clinton e George W. Bush. O primeiro foi acusado de de perjúrio e obstrução da justiça em um escândalo envolvendo uma estagiária da Casa Branca, e mesmo sendo absolvido das acusações, ficou conhecido pela frase: “eu não tive relações sexuais com aquela mulher”.

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George W. Bush teve que enfrentar os atentados de 11 de setembro logo no início de seu mandato. Entrou em duas guerras e enfrentou problemas com a inflação, e ainda conseguiu terminar seu primeiro mandato com uma ótima aprovação de 62,2%. Porém, o prolongamento da guerra e a falta de soluções dentro da economia interna acabaram marcando o seu governo.

Primeiro mandato: aprovado, mas sem se destacar
Logo em seus primeiros dias, Obama anunciou que a guerra no Iraque estava se aproximando do fim, fechou a prisão de Guantánamo, em Cuba, e revogou uma lei de política no México que proibia ajuda federal à organizações internacionais de planejamento familiar que ajudam em questões sobre o aborto.

Durante os anos seguintes, Barack Obama encerrou a guerra no Iraque definitivamente e ainda anunciou a morte de Osama Bin Laden – terrorista que articulou os atentados de 11 de setembro e era o homem mais procurado dos EUA.

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Em 30 de março de 2010, foi assinada a Lei de Reconciliação de Saúde e Educação, um dos grandes marcos da campanha de Obama para presidente. A lei encerrou a atuação dos bancos privados em realizar empréstimos estudantis. No lado da saúde houve muita discussão até a assinatura da lei, mas, no fim, o Congresso entendeu que o projeto poderia reduzir o déficit do governo em até US$ 143 bilhões durante 10 anos e mais de US$ 1 trilhão na década seguinte.

Esperança no pessimismo
Obama assumiu o país logo o agravamento da crise financeira e logo viu a situação econômica dos EUA piorar, com as taxas de desemprego e a dívida do país atingindo níveis alarmantes. Mesmo assim, ele foi reeleito para um segundo mandato. 
De acordo com matéria da The Economist, o povo norte-americano entendeu que Obama conseguiu, mesmo que lentamente, mostrar que está colocando o país rumo a sua recuperação econômica.

Aliado a isso, o candidato da oposição nas eleições de novembro, o republicano Mitt Romney, não conseguiu mostrar para os eleitores que poderia ser uma pessoa preparada para enfrentar as dificuldades. Com isso, mesmo sem um primeiro mandato excepcional, Barack Obama venceu e terá que mostrar que a “maldição” não existe.

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Desafios para o futuro: muito além da crise econômica
Logo após a reeleição, em novembro de 2012, Obama se viu desafiado pelo chamado “abismo fiscal”. Em um projeto aprovado às pressas, no dia 31 de dezembro, data limite para a aprovação, o Congresso aceitou segurar os impostos das famílias de classe média. Comemorada, porém, a solução apenas adiou a discussão.

O grande debate neste momento nos EUA gira em torno do teto da dívida no país, que deve atingir seu limite entre fevereiro e março. E assim como nas discussões do fim do último ano, Obama sofre com o impasse gerado entre os democratas, partido do presidente, e os republicanos, que veem as soluções de formas diferentes.

Outros dois pontos destacados para este início de segundo mandato são a reforma na política de imigração e na política de armas. Esta segunda já teve alguma evolução na última semana, quando o presidente assinou um novo projeto para reduzir o acesso à armas de fogo nos EUA. O debate sobre assunto aumentou após nova série de ataques, principalmente em escolas, em 2012.

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O problema da imigração no país ainda não evoluiu, e pode se tornar um grande problema depois das conversas sobre a dívida. Em entrevista para a Bloomberg, o historiador da Universidade da América, Allan Lichtman, diz que os republicanos podem ajudar o presidente, porém, a ideia do partido seria ganhar apoio dos hispânicos, que constituem grande parte dos eleitores. “Alguns republicanos devem ajudar apenas para criarem um compromisso e se ajudarem politicamente”, explica o historiador.

Uma pesquisa do The Wall Street Journal mostrou que 43% dos americanos está otimista para os próximos 4 anos do governo Obama, enquanto 35% está pessimista e 22% tem uma opinião neutra sobre o segundo mandato.

No discurso para a posse do segundo mandato, Obama declarou que “esta geração de americanos foi testada por crises. Uma década de guerra está terminando e uma recuperação econômica já começou”, mas ele tem que lembrar que seu governo pode ficar marcado por mais que apenas a crise econômica. Os próximos 4 anos dirão como será lembrado o primeiro presidente negro norte-americano.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.