Maioria dos manifestantes anti-impeachment está pouco satisfeita com Dilma e instituições

Dos manifestantes ouvidos em pesquisa organizada por professores universitários em São Paulo, 50,8% disseram estar "pouco satisfeitos" com o atual governo, contra 10,6% "nada satisfeitos", e 37,2% "muito satisfeitos"

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma pesquisa realizada pelos professores Esther Solano (Unifesp), Marcio Moretto (USP) e Pablo Ortellado (USP) analisou o perfil dos presentes na manifestação contra o impeachment, realizada no centro de São Paulo, em 31 de março de 2016. Eles constataram um elevado contingente de entrevistados pouco satisfeitos com a gestão da presidente Dilma Rousseff e um baixo nível de confiança em instituições democráticas. O estudo contou com 508 entrevistas e tem margem máxima de erro de 4,3%. O nível de confiança é de 95%. Segundo o Datafolha, o movimento contou com 40 mil pessoas.

Dos manifestantes ouvidos pela pesquisa, 50,8% se disseram pouco satisfeitos com o atual governo, enquanto 10,6% estariam nada satisfeitos e 37,2% muito satisfeitos. Quando questionados sobre a confiança que depositam em instituições políticas, os entrevistados mostraram baixíssima confiança na imprensa, nos partidos e nos personagens da política. No primeiro caso, 85,4% não confiam, ao passo que no segundo o mesmo indicador aponta para o percentual de 36,6% e o último item, 25%.

  Imprensa Partidos Políticos ONGs Movimentos Sociais Políticos
Não respondeu/nenhum 0,0% 0,0% 1,2% 0,4% 1,6%
Confia muito 1,0% 7,9% 33,7% 79,9% 7,1%
Confia pouco 13,6% 55,5% 54,1% 17,7% 66,3%
Não confia 85,4% 36,6% 11,0% 2,0% 25,0%

Entre os partidos mais bem avaliados pelos manifestantes contrários ao impeachment de Dilma estão a dupla PT e PSOL, com respectivos 40% e 32,5% no grau máximo de confiança. Na outra ponta, PSDB e PMDB aparecem como as siglas menos confiáveis, sob a ótica dos entrevistados. Ambos ficaram com classificação de 97,3% na opção “não confia”. Já do lado dos movimentos sociais, os mais bem avaliados são MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), com respectivamente 77,6% e 77,4% dos entrevistados respondendo que “confiam muito” neles.

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Do lado das figuras políticas preferidas dos manifestantes anti-impeachment presentes na Praça da Sé, ganham destaque o prefeito paulistano Fernando Haddad (73,8%), o ex-presidente Lula (68,3%), a presidente Dilma Rousseff (65,7%) e o deputado federal Jean Wyllys (58,5%). No sentido oposto, os menos confiáveis sob a ótica dos entrevistados foram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (97,2%), o senador Aécio Neves (96,9%), o senador José Serra (95,1%) e o deputado Jair Bolsonaro (94,1%).

O público presente no evento era composto por homens e mulheres, majoritariamente com idades entre 20 e 60 anos, branca (60,2%) e parda (12,2%) e com nível superior completo (58,1%). No quesito renda, os níveis com maior concentração eram de R$ 4.400 a R$ 8.800 (31,9%); de 2.640 a R$ 4.400 (22,6%); de R$ 8.800 a R$ 17.600 (16,3%); abaixo de R$ 1.760 (13,8%). Dos entrevistados, 87,2% disseram ter ido ao protesto espontaneamente, enquanto 12,8% em atendimento à convocação do sindicato ou movimento. 81% deles concorda com a avaliação de que os manifestantes pró-impeachment não querem o fim da corrupção, mas apenas retirar a presidente Dilma do poder.

Quando questionados sobre a melhor saída para a atual crise pela qual o Brasil passa, a maioria dos entrevistados respondeu que seria o fortalecimento das organizações comunitárias, como as ONGs e os movimentos sociais (67,7%), seguida pelo empoderamento dos próprios cidadãos como tomadores de decisões políticas por meio de consultas como os plebiscitos (49,6%). As somas superam os 100%, uma vez que não se tratam de respostas excludentes. A entrega do poder aos militares, um juiz honesto ou alguém de fora do jogo político não agrada os entrevistados, conforme revelou a pesquisa.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.