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Em reuniões internas no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou preocupação com a predominância de programas sociais voltados ao público de baixa renda, de acordo com o jornal O Globo. O presidente teria afirmado que muitos dos esforços do governo estão concentrados nos beneficiários do Cadastro Único (CadÚnico), composto por 43 milhões de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. Lula deseja ampliar o alcance das políticas sociais para também contemplar a classe média, com o objetivo de atender um público mais diversificado e heterogêneo em relação aos mandatos anteriores.
Segundo O Globo, o Ministério da Educação tem estudado cenários para expandir o programa “Pé-de-Meia” a todos os estudantes do ensino médio de escolas públicas, o que incluiria cerca de 2 milhões de novos beneficiários. A ampliação, no entanto, enfrenta desafios fiscais em um contexto de cortes de gastos. Ainda assim, o programa é bem avaliado no governo e é visto como uma das principais inovações do terceiro mandato de Lula, com o ministro da Educação, Camilo Santana, promovendo o projeto em várias regiões do país.
Essa expansão do programa, segundo o jornal, estaria alinhada ao desejo de Lula de estreitar laços com a classe média por meio de investimentos em educação. O presidente já expressou publicamente sua intenção de construir um “país com padrão de consumo, educação e transporte de classe média”, frase dita em um discurso no início do ano. A estratégia busca aproximar o governo de um público que hoje valoriza estabilidade econômica e melhores oportunidades de crescimento.
Outra frente que o governo planeja expandir, segundo O Globo, é o apoio à exportação para pequenos empresários. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), comandada por Jorge Viana, assinou convênios com entidades empresariais e o Sebrae para auxiliar micro e pequenas empresas, com foco especial nas regiões Norte e Nordeste, na preparação de estratégias para exportação. Atualmente, essas empresas representam cerca de 41% do total de empresas exportadoras no Brasil, segundo dados do Sebrae, e a expectativa é de que a ampliação possa fortalecer ainda mais o setor.
Promessas travadas e desafios fiscais
Enquanto o governo trabalha para atrair a classe média com novas propostas, algumas promessas de campanha seguem sem avanços. Entre elas está a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil, uma promessa que Lula pretende implementar até 2026. Hoje, a isenção contempla apenas aqueles que recebem até dois salários mínimos, e a expansão do benefício depende da aprovação de cortes de gastos para adequação ao novo arcabouço fiscal.
Outro ponto sensível é a regularização da profissão de motoristas de aplicativo, tema que gerou desgaste após a apresentação de um projeto no Congresso que levou a protestos e oposição dentro do próprio governo. Segundo o jornal, o Ministério do Trabalho ainda não tem previsão de votação da proposta, enquanto esse grupo se aproxima cada vez mais de forças políticas de direita.
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Em relação a outras ações, o governo avançou no combate aos juros do rotativo do cartão de crédito, com o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecendo um teto de 100% para as taxas sobre dívidas não pagas. Essa medida limita o valor máximo da dívida ao dobro do montante original, o que deve aliviar o impacto do endividamento para consumidores.
O jornal O Globo destaca ainda que o governo tem o desafio de se conectar com trabalhadores que ganham de 2 a 10 salários mínimos, faixa que, segundo o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha, não se sente representada pelo PT atualmente. “O PT tem um debate a fazer com os trabalhadores, sobretudo os que ganham de 2 a 10 salários mínimos, que por algum motivo não se sentem representados”, afirmou Padilha, ressaltando que o governo está atento às demandas desse público e às mudanças de prioridades desde o primeiro mandato de Lula.