Lula lidera corrida presidencial e tem vantagem de até 16 pontos sobre Bolsonaro, diz Ipespe

Nas 5 simulações de segundo turno em que seu nome é testado, petista aparece com vantagem superior a 15 pontos percentuais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A pouco menos de um ano das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantêm ampla vantagem sobre outros possíveis candidatos ao Palácio do Planalto em 2022. É o que mostra nova rodada da pesquisa Ipespe, encomendada pela XP Investimentos, divulgada nesta quarta-feira (3).

O levantamento, realizado entre os dias 25 e 28 de outubro, mostra que Lula chegou a 31% das intenções de voto no cenário espontâneo (quando o eleitor aponta seu candidato sem que nomes sejam apresentados pelo entrevistador) – oscilação positiva de 1 ponto percentual em relação a setembro. Já Bolsonaro manteve a segunda posição, passando de 23% para 24%.

Com o movimento, os dois mantêm vantagem de 21 pontos sobre outros nomes citados pelos eleitores – o que, combinado com outras informações apresentadas pela pesquisa, pode indicar espaço mais estreito para uma candidatura de “terceira via”.

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Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará, recebeu 3% das menções espontâneas. Na sequência, apareceu o ex-juiz federal Sergio Moro (sem partido), que deve se filiar ao Podemos na semana que vem, com 2%.

Logo atrás, vêm o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) – cada um com 1% das intenções de voto. Os quatro nomes estariam tecnicamente empatados, considerando a margem máxima de erro, de 3,2 pontos percentuais.

Normalmente, quando mais próximo do pleito, o cenário espontâneo aponta para maior cristalização de apoio aos candidatos. Mas, dada a distância do primeiro turno e o desconhecimento em relação a quem de fato será candidato, os dados devem ser vistos com cautela.

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A pesquisa Ipespe contou com 1.000 entrevistas telefônicas, realizadas por operadores com eleitores de todo o país em amostra proporcional à população nacional. O intervalo de confiança é de 95,5%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a probabilidade de o resultado se repetir dentro da margem máxima de erro, estabelecida em 3,2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Foram feitas duas simulações estimuladas de primeiro turno (quando são apresentados ao eleitor possíveis nomes de candidatos). Na primeira delas, Lula aparece com 42% das intenções de voto (1 p.p. a menos que em setembro), enquanto Bolsonaro tem 28% (mesmo patamar da última pesquisa).

Ciro Gomes mantém 11%, seguido por Doria, com 4%, e Mandetta, com 3%. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem 2% das intenções de voto. Brancos, nulos e indecisos somam 10% dos entrevistados.

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Dois meses atrás, esta simulação considerava eventual candidatura de Sergio Moro e não apresentava a figura de Pacheco. Com a retirada do ex-juiz, Bolsonaro foi o que apresentou o maior salto: de 24% para 28%. Mas Doria também cresceu 2 p.p. em relação ao seu padrão. Os dois movimentos podem sugerir migração de eleitores.

Moro tinha 9% das intenções de voto quando foi retirado da simulação. Ele chegou a receber o apoio de 18% do eleitorado em abril de 2020, quando deixou o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, sob alegação de suposta interferência do presidente na Polícia Federal.

Em cenário alternativo, Doria é substituído por Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, e são acrescentadas as candidaturas de Sergio Moro, dos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS) e do apresentador de televisão José Luiz Datena (PSL).

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Neste caso, Lula lidera com 41% das intenções de voto – 16 pontos a mais que Bolsonaro. No segundo pelotão, Ciro Gomes aparece com 9%, seguido por Moro, com 8%. Mandetta tem 3%, mesmo percentual de Datena e Eduardo Leite. Rodrigo Pacheco conta como o apoio de 2% dos entrevistados e é seguido por Simone Tebet, com 1%. Brancos, nulos e indecisos somam 5%.

Segundo turno

Foram feitas oito simulações de segundo turno. O ex-presidente Lula aparece em cinco delas, superando seus adversários com vantagem superior ao limite da margem de erro. Contra Bolsonaro, a diferença é de 18 pontos. Os dois passaram 8 meses tecnicamente empatados, mas a partir de junho Lula assumiu a dianteira da disputa.

Contra Moro, Lula aparece com 52% das intenções de voto, contra 34% do ex-juiz. Cinco meses atrás, a diferença era de 3 p.p., o que configurava empate técnico. Moro chegou a liderar a disputa com vantagem superior à margem de erro em três pesquisas realizadas no ano passado.

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Lula também derrotaria Ciro Gomes (49% a 29%), Eduardo Leite (50% a 22%) e João Doria (51% a 23%). Em todos os casos, a vantagem supera os 15 pontos percentuais.

Além do cenário contra Lula, o nome de Bolsonaro é testado contra três potenciais adversários. O presidente aparece numericamente atrás em todas as simulações – inclusive contra Doria (35% a 40%) e Leite (34% a 37%), em que dois meses atrás ele apresentava pontuação ligeiramente superior, embora em situação de empate técnico.

Bolsonaro seria derrotado por Ciro Gomes no segundo turno. A edição de outubro da pesquisa mostra o pedetista com 44% das intenções de voto – 10 p.p. a mais que o atual presidente. Quatro meses atrás, a diferença era de 4 pontos, o que configurava empate técnico.

O Ipespe também ouviu os eleitores sobre a rejeição a Lula e Bolsonaro. Hoje são 46% os que dizem que não votariam no petista de jeito nenhum e 61% os que dizem o mesmo sobre o atual presidente. No sentido oposto, 38% dizem que votariam com certeza em Lula e 15% afirmam que poderiam votar nele. Já no caso de Bolsonaro, são 24% e 11%, respectivamente.

Sobre os desejos do eleitor para o próximo presidente, 56% dizem preferir um mandatário que mude totalmente a forma como o país está sendo administrado. Apenas 14% querem continuidade, e 25% dizem preferir “um pouco” de mudança.

Entre os temas considerados mais importantes a serem tratados pelo próximo presidente, a inflação e o custo de vida figuram na primeira posição, com 18% das menções, à frente inclusive de saúde, com 15%. Somados a outros itens (desemprego, fome, miséria e salário), a preocupação com a pauta econômica chega a 44%.

O levantamento também mostra que 50% dos entrevistados se dizem “muito interessados” nas eleições presidenciais de 2022. Outros 15% afirmam manter “algum interesse” no pleito. Apenas 16% não têm interesse.

De acordo com a pesquisa 44% dos entrevistados dizem já ter decidido em quem votar para presidente em outubro do ano que vem, ao passo que 19% afirmam que decidirão após os últimos debates, 4% alguns dias antes do pleito e 10% na data de ir às urnas.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.