Lula, em evento com Tebet, Meirelles e Persio Arida: “Não será um governo do PT”

Ex-presidente indica que eventual gestão petista precisará de apoio para além da esquerda

Fábio Matos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, aproveitou o evento de campanha realizado na noite de segunda-feira (24), no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o Tuca, para defender uma maior amplitude das forças de apoio ao eventual novo governo petista.

Ao lado da senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada no primeiro turno das eleições presidenciais, e de nomes importantes do cenário econômico do país, como o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o economista Persio Arida, Lula afirmou que, se eleito presidente no dia 30 de outubro, fará um governo para além do PT.

“Nosso governo não será um governo do PT. É importante, Gleisi [Hoffmann], você que é presidente [do PT], saber que nós precisamos fazer um governo além do PT”, disse o ex-presidente da República.

“Tem muita gente que nunca foi do PT e participou do meu governo. E vai ser assim. Não será um governo do PT. Será um governo do povo brasileiro”, completou Lula.

Durante o discurso, o candidato petista citou nomes que participaram de seus dois governos (2003-2010), como o próprio Meirelles (que comandou o Banco Central), o empresário Luiz Fernando Furlan, o executivo Miguel Jorge e Márcio Thomaz Bastos (1935-2014), ex-ministro da Justiça.

“Márcio Thomaz Bastos também não era do PT”, recordou Lula. “O Meirelles sabe que a gente teve responsabilidade fiscal. A gente teve e vai continuar tendo, porque não se pode brincar com um país.”

Meirelles e Arida também fizeram discursos durante o evento e reiteraram o apoio a Lula contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

“O Lula quer um cheque em branco? Não quer. É o Bolsonaro quem estourou a parte fiscal, levou a inflação para a Lua. Isso, sim, é querer cheque em branco”, disse Meirelles. “O Lula, não. O cheque dele está assinado. Ele já trabalhou, já realizou, já gerou emprego e renda.”

Arida, um dos “pais” do Plano Real e ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirmou que, já em 2018, sabia dos riscos que representava ao país a eleição de Bolsonaro.

“Muitos amigos meus não acreditaram e votaram no Bolsonaro. Hoje, se arrependem”, disse o economista. “O que está em jogo nessa eleição é muito mais do que economia. É o futuro do Brasil. Só temos uma coisa a fazer: votar 13 e estabelecer no Brasil uma ampla frente contra o obscurantismo”, completou.

Simone Tebet, que chegou atrasada ao local do evento, foi muito aplaudida ao fim de sua fala.

“Agora não é a hora da omissão. A neutralidade da omissão é um pecado capital contra o povo brasileiro”, disse. “Quem votou em branco só pode votar no 13, quem votou nulo só pode votar no 13, quem votou em Ciro [Gomes] só pode votar no 13, e quem votou em Simone tem que votar no 13 nessas eleições.”

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.