Lula critica Milei e Bolsonaro, vê política “tomada pelo ódio” e democracia sob risco

"A democracia corre risco no mundo pelo fascismo, pelo nazismo, pela extrema direita raivosa e bruta que ofende as pessoas", disse Lula

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um duro discurso proferido nesta sexta-feira (15), em Porto Alegre (RS), fez fortes críticas ao governo do antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e afirmou que a democracia no Brasil, na América Latina e no mundo está sob risco, em razão do que classificou como “extrema direita raivosa e bruta”.

As declarações foram dadas durante cerimônia de anúncio de investimentos do governo federal no Rio Grande do Sul, previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Em sua fala, Lula comparou as ações de seu governo às do antecessor e disse que, sob Bolsonaro, os governadores de estado “comeram o pão que o diabo amassou”. “Para não passar recursos, ele [Bolsonaro] arrumava briga”, afirmou.

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“A política, no mundo inteiro, está tomada pelo ódio. A política está tomada por um ódio que certamente a maioria de vocês nunca tinha vivido. Não estávamos acostumados a fazer política assim”, disse Lula.

Democracia em perigo

O presidente afirmou, ainda, que “a democracia está correndo risco” no mundo. “Possivelmente, porque nós mudamos de comportamento. A esquerda e os setores progressistas antes criticavam o sistema. Quando ganham as eleições, passam a fazer parte do sistema. E a direita, que fica fora, vira contra o sistema. Quem é contra o sistema, hoje, quem critica tudo, é o [Javier] Milei na Argentina. É o Bolsonaro, que até hoje não reconhece a derrota dele”, criticou Lula.

“A democracia corre risco no mundo pelo fascismo, pelo nazismo, pela extrema direita raivosa e bruta que ofende as pessoas, que não acredita nas pessoas”, prosseguiu o petista. “A gente não tem que brigar apenas com um governador ou com um presidente. A gente tem que brigar contra um pensamento perverso, malvado, que odeia.”

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Em sua fala, Lula disse que, apesar da necessidade de combater a “extrema direita”, ele tem de se preocupar, prioritariamente, em governar o país. “O mandato tem prazo de validade. Tem hora da entrada e hora da saída. Eu tenho o compromisso de recuperar este país economicamente. De dar civilidade àqueles que não têm civilidade hoje. Recuperar o humanismo entre os seres humanos. E fazer com que as pessoas esquecidas historicamente tenham vez e voz neste país”, concluiu.

Investimentos no Rio Grande do Sul

Entre os projetos anunciados para o Rio Grande do Sul, estão a duplicação da BR-116, a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Guaíba e a conclusão de barragens em todo o estado, de acordo com informações do Palácio do Planalto.

Os investimentos federais também preveem a instalação de 4 mil quilômetros de infovia (conjunto de linhas digitais por onde trafegam os dados das redes eletrônicas) e a conectividade nas 7.249 escolas do ensino básico no estado, além da conclusão de obras inacabadas na capital e no interior.

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Segundo o Planalto, só para 2024, está previsto um aporte de R$ 29,5 bilhões em diversas áreas, em parceria com o setor privado, estados e municípios. Até o fim do mandato de Lula, a estimativa é de um investimento total de R$ 75,6 bilhões no estado.

Governador, prefeito, vice-presidente e ministros

Além de Lula, participaram do evento o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). Quando tiveram seus nomes citados, ambos receberam algumas vaias do público presente, formado, majoritariamente, por petistas e aliados.

A comitiva de ministros que acompanhou Lula na viagem foi extensa. Estiveram presentes o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Carlos Fávaro (Agricultura), Jader Filho (Cidades), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.