Ibovespa fecha em queda de 0,78% com exterior, balanços e novos rumores sobre Fazenda

Semana terminou como começou: com novos rumores sobre a Fazenda, mercado de olho nos EUA e nos balanços corporativos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Além da forte temporada de resultados e de olho nos EUA, o Ibovespa fechou a semana como começou por um motivo em especial: repercutindo os cada dia mais renovados rumores sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Desta vez, com um ingrediente novo, que muda de acordo com o dia: uma predisposição maior tanto da presidente Dilma Rousseff quanto do potencial substituto na pasta, Henrique Meirelles, para realizarem a troca. 

E, hoje, novos rumores desencontrados entraram no radar e o Ibovespa fechou em queda de 0,78%, encerrando a semana com baixa de 0,85%.  Já o dólar subiu mais de 1,5% nesta sexta-feira para fechar acima de R$ 3,80. O dólar avançou 1,75%, a R$ 3,8331 na venda, maior nível de fechamento desde 30 de outubro, quando ficou em R$ 3,8628. Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,88%.

 No início da tarde, notícia do Valor Pro destacou que a presidente Dilma Rousseff ainda não teria decidido se Meirelles será de fato o substituto de Joaquim Levy no ministério da Fazenda, mas que uma mudança no comando da pasta já seria certa, restando apenas definição da data. De todo modo, o novo ministro não teria carta branca. Porém, mais tarde, a Bloomberg informou, citando uma fonte, que Dilma resiste à pressão em trocar o ministro e que ela não está sondando Meirelles para o cargo. Segundo fonte ouvida pela agência, Dilma não planeja trocar o seu ministro, o que acabou gerando ruído e instabilidade no mercado. 

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Enquanto isso, nos Estados Unidos, as ações caminham para o primeiro fechamento semanal negativo em 7 semanas, puxado por resultados corporativos fracos e perspectivas pessimistas sobre o setor de varejo com dados abaixo das expectativas do mercado. Por lá, o índice de preços ao produtor caiu 0,4% em outubro, conforme informou o Departamento de Emprego nesta sexta-feira. O índice tem apresentado movimento de estabilidade ou queda por quatro meses, contribuindo para um cenário ainda temerário sobre o comportamento dos preços nos Estados Unidos. Apesar do fator negativo, as expectativas do mercado para uma elevação nos juros pelo Federal Reserve ainda em dezembro são grandes.

Ainda nos EUA, outro indicador também chama a atenção dos investidores: o sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan cresceu pelo segundo mês seguido, com a leitura preliminar de 93,1 em novembro, ante 90 em outubro. O resultado superou a média das expectativas dos analistas consultados pela imprensa especializada local, fixada em 91 pontos. Os bons números reforçam a ideia de que a alta de juros se aproxima – o que torna os investimentos em renda variável menos atraentes. Neste momento, os três principais índices acionários americanos caem mais de 0,8%. No mesmo movimento de intensificação de pessimismo, o dólar comercial dispara 1,48%, cotado a R$ 3,8231 na venda. O movimento de queda dos papéis na abertura dos mercados na maior economia do mundo ajudou a contaminar a Bovespa e prejudicou a leve recuperação ensaiada algumas horas antes.

Radar corporativo
Já do lado da temporada de balanços corporativos, a Petrobras divulgou seus resultados referentes ao período entre julho e setembro na noite da quinta-feira. A companhia reportou um prejuízo líquido aos acionistas de R$ 3,759 bilhões no terceiro trimestre – uma melhora em relação ao resultado negativo de R$ 5,339 bilhões de um ano antes, porém, abaixo da média das estimativas dos analistas consultados pela Bloomberg, fixada em lucro de R$ 1,346 bilhão. Prejudicou o balanço da companhia sobretudo a variação cambial.

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Para o BTG Pactual, o resultado fraco traz necessidade de medidas mais agressivas da empresa, enquanto inesperadas provisões elevam incertezas sobre provisões futuras – mesma visão atribuída pelo Santander. “Fica a dúvida se a companhia irá fazer mais provisões no quarto trimestre, enquanto o foco nesse resultado deve ficar na questão dos dividendos à frente”, comentaram os analistas Antonio Junqueira, Julia Ozenda e Andres Cardona.

Um ponto também apontado pelo Credit Suisse, que vê reação negativa do mercado, principalmente quando considerado a percepção de que 2015 pode ser um ano de zero dividendos. Os analistas do banco suíço também enxergam mais ajustes no balanço do quarto trimestre, em função dos testes de baixa contábil ao final do ano, que deverão utilizar premissas mais desfavoráveis para o preço do petróleo brent e dólar.

As ações da petrolífera estatal caíram forte, dando continuidade ao movimento da véspera, e indicam indisposição dos investidores em tomarem posição na companhia após o balanço. Os papéis PETR3 caíram 2,66%, a R$ 8,78, enquanto os papéis PETR4 recuaram 4,09%, a R$ 7,27.

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Além da petrolífera estatal, uma série de companhias divulgaram resultados entre a noite de ontem e a manhã desta sexta-feira. Entre elas, merecem destaque a BM&FBovespa (BVMF3, R$ 12,00, -1,80%), a Sabesp (SBSP3, R$ 18,28, +1,90%) e a Eletrobras (ELET3, R$ 6,31, +2,601,46%), com respectivos lucros de R$ 457 bilhões – 27,9% acima do resultado de um ano antes -, negativo em R$ 580 milhões – uma reversão do lucro de R$ 91,5 milhões obtido no mesmo período de 2014 – e negativo em R$ 4,225 bilhões – ante prejuízo de R$ 2,764 bilhões no terceiro trimestre do ano passado.

Ainda no noticiário das empresas, vale destacar os efeitos das mudanças no MSCI (Morgan Stanley Capital International) – índice bastante acompanhado por investidores estrangeiros -, que revelou na noite da véspera a revisão de suas carteiras teóricas. Ao todo foram excluídas 6 ações brasileiras, que responderam mal no pregão. São elas: Usiminas (USIM5, R$ 2,63, -5,40%), Cyrela (CYRE3, R$ 9,04, -0,44), AES Tietê (GETI4), Ecorodovias (ECOR3, R$ 5,60, -1,06%), Via Varejo (VVAR11), Banrisul (BRSR6). A nova carteira do MSCI vai passar a vigorar no último dia do mês.

Enquanto isso, as ações da BR Malls (BRML3, R$ 13,14, +4,29%) foram destaque de alta. De acordo com a coluna Veja Mercados, a companhia sonda investidores para injeção de caixa. 

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As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 CSNA3 SID NACIONAL ON 4,90 -9,59
 USIM5 USIMINAS PNA 2,63 -5,40
 PETR4 PETROBRAS PN 7,27 -4,09
 ESTC3 ESTACIO PART ON 15,08 -3,77
 VIVT4 TELEF BRASIL PN 37,81 -3,69

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 BRML3 BR MALLS PAR ON 13,14 +4,29
 EMBR3 EMBRAER ON 28,38 +3,61
 MRVE3 MRV ON 8,52 +2,65
 ELET3 ELETROBRAS ON 6,31 +2,60
 RENT3 LOCALIZA ON 27,89 +2,24
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.