Haddad diz que governo estuda situação das aéreas, mas descarta uso de dinheiro do Tesouro

Ministro admite discussões sobre o setor, mas indica como caminho possível "viabilizar uma reestruturação", desde que não envolva despesas primárias do governo

Marcos Mortari

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em evento promovido em Nova York (Foto: Diogo Zacarias)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), confirmou, nesta segunda-feira (5), que a equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda a situação envolvendo as companhias aéreas no país, mas descartou qualquer possibilidade de um socorro envolvendo despesas primárias.

Em entrevista a jornalistas após participar de evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Haddad indicou como caminho possível a viabilização de uma reestruturação do setor aéreo, mas não entrou em detalhes.

“Nós estamos fazendo um levantamento da situação”, afirmou. “Nós vamos entender melhor o que está acontecendo. E não existe socorro com dinheiro do Tesouro. Isso não está nos nossos planos. O que eventualmente está na mesa é viabilizar uma reestruturação do setor, mas que não envolva despesa primária”.

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No mundo inteiro, companhias aéreas enfrentam uma crise financeira que vem desde a pandemia de Covid-19. Em um sinal dos problemas enfrentados pelo setor, há 10 dias a Gol entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Em anos anteriores, Latam e Avianca recorreram à Justiça para se reerguerem.

No fim de janeiro, o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho (Republicanos), disse que discutiu com Lula um possível socorro financeiro às aéreas. Segundo ele, o governo trabalha com 3 pontos estratégicos para um plano destinado ao setor: 1) querosene de aviação (QAV), que varia de acordo com o petróleo e o dólar e é o maior custo para as companhias no Brasil; 2) a alta judicialização do setor no país; e 3) a concessão de crédito para as aéreas, com possíveis linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Em relação ao primeiro ponto, na entrevista aos jornalistas nesta manhã, Haddad fez a ressalva de que os preços dos combustíveis para aviação caíram em 2023. “O preço do querosene não pode ser justificativa para aumento do custo de passagem aérea. Ele caiu durante todo o período do governo do presidente Lula”, disse.

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A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2023 com alta acumulada de 4,62%. No período, as passagens aéreas dispararam 47,24% e contribuíram com 0,32 ponto percentual para o resultado acumulado do ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.