Haddad critica “fantasias” e defende corte de excessos e cobrança de quem não paga

Ministro diz que país precisa de medidas sustentáveis para ajustar as contas e evitar "solavancos" fiscais dos últimos 10 anos

Marcos Mortari

O ministro da Fazenda Fernando Haddad em entrevista coletiva (Diogo Zacarias)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta quarta-feira (8), que o governo federal busca atingir o equilíbrio das contas públicas de forma sustentável, evitando o que classificou como “fantasias” usadas no passado.

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Em entrevista ao programa “Bom dia, ministro”, do CanalGov, Haddad criticou a economia de recursos gerada a partir da ausência de reajustes reais do salário mínimo e de correções na tabela do Imposto de Renda − o que, na sua avaliação, seria insustentável. E defendeu medidas que tornem o sistema tributário mais “progressivo”, com maior participação de camadas com renda mais elevada, e correções de “excessos”.

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“Estamos fazendo um ajuste nas contas com a tranquilidade necessária para não sobressaltar… Antigamente o ajuste fiscal era fácil fazer: congela o salário mínimo, congela o salário do servidor público. Isso tudo é ficção, porque uma hora o problema bate à porta. Se você congelar o salário do servidor por 7 anos, quando tem uma troca de governo, ele quer buscar reposição”, afirmou.

“Então, era tudo uma fantasia, não era para valer. Você precisa arrumar as contas com racionalidade e sem fazer recair sobre quem mais precisa. As pessoas são de carne e osso, elas precisam se alimentar, dormir, estudar. Como você vai congelar um país por 7 anos?”, indagou.

Na entrevista, Haddad defendeu medidas sustentáveis de ajuste nas contas públicas, de modo a evitar o “solavanco” que o País vive na seara fiscal há mais de 10 anos.

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“O ajuste se faz assim: quem não paga tem que pagar, os excessos tem que cortar. Tudo com certa harmonia, para você chegar a um lugar sustentável, e não uma fantasia de que se ajustou as contas. Você poderia ajustar as contas vendendo patrimônio público. Ajustou. E ai? Acaba o patrimônio público, e você não tem mais o que vender. Desajusta tudo de novo”, afirmou.

“Nós temos que parar de fantasiar um caminho que se mostra inviável ali para frente. Tem que fazer uma coisa consistente para ser perene, para não ficar nesse solavanco que o Brasil vive há 10 anos”, concluiu.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.